Brasil impulsiona crescimento do Banco ABC em meio a crise na Líbia
Em meio à turbulência política que culminou com a morte de Muammar Gadaffi, ditador da Líbia por 42 anos, o Brasil foi o país que mais contribuiu para os ganhos do Arab Banking Corporation (ABC), controlado pelo Banco Central líbio, neste ano.
“O Brasil continua sendo o principal motor de crescimento das receitas do banco”, afirmou Hassan Juma, presidente do ABC, que detém 57,25% da subsidiária brasileira.
O banco registrou nos 21 países onde está presente um lucro líquido de US$ 157 milhões de janeiro a setembro de 2011, crescimento de 40% ante igual período de 2010. Antes dos impostos, o lucro do ABC foi de US$ 255 milhões, sendo que o Brasil contribuiu com US$ 152 milhões.
No país, foi o crescimento da carteira que impulsionou o resultado do ABC Brasil. O banco teve um lucro líquido de R$ 58,5 milhões no terceiro trimestre, um aumento de 14,5% no resultado na comparação com igual período de 2010 e uma retração de 2,8% em relação a junho. Em nove meses, a expansão foi de 18,4%.
O saldo de empréstimos e financiamento, incluindo garantias, fechou setembro em R$ 12,5 bilhões, alta de 16,8% em relação a setembro de 2010 e de 2,4% ante junho. Sem as garantias, a expansão da carteira foi de 8,5% em um ano, para R$ 7,7 bilhões, e de 3,8% na comparação com o trimestre anterior.
Em agosto, quando divulgou os resultados do semestre, o ABC reviu a meta de crescimento dos empréstimos para 2011 de uma faixa de 21% a 25% no ano em relação a 2010, para um intervalo entre 12% e 18%.
Para analistas, parte da desaceleração também está relacionada aos problemas da Líbia.
A morte de Gadaffi não significa que a Líbia voltou a ser regida por condição totalmente normais. Em relatório, o banco afirma que esses eventos políticos ainda devem “evitar o fluxo de novos negócios para o grupo”.
Para Sérgio Lulia Jacob, vice-presidente do ABC, as preocupações se dão em torno da crise que assola a Europa, com reflexos para a economia mundial. “Continuamos mais cautelosos. É um mercado mais difícil agora, mas os bancos estão preparados. O custo dos empréstimos subiu e as instituições pedem mais garantias”, avalia.
O índice de inadimplência da carteira de crédito do ABC Brasil atingiu 0,19% do total, com pequena alta ante os 0,15% do trimestre anterior. Mas o volume de créditos baixados para prejuízo cresceu para 0,21% do total dos empréstimos, sendo que no trimestre anterior estava em 0,06%. O saldo para provisões atingiu R$ 24,6 milhões ante os R$ 8,9 milhões de um ano antes.
Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico