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BC impõe restrição maior a posição vendida no mercado cambial

O Banco Central (BC) voltou a tomar medidas para tentar restringir a especulação contra a moeda brasileira, mas o efeito, segundo especialistas, deve ser momentâneo e se diluir no médio prazo.

Ao impor uma redução drástica na posição vendida dos bancos em dólar no mercado à vista, com o limite para recolhimento compulsório passando de US$ 3 bilhões para US$ 1 bilhão (ou o patrimônio de referência de nível 1, o que for menor), o BC pretende reduzir o raio de ação de investidores estrangeiros e mesmo dos bancos nacionais em suas apostas na valorização do real frente ao dólar – 60% do que superar o teto ficará retido no BC, sem remuneração.

A medida, segundo analistas de mercado, deve ter efeitos imediatos, mas não sustentáveis no tempo. As instituições terão cinco dias para reduzir suas posições vendidas, comprando dólares no mercado e pressionando a cotação. O sistema financeiro deve recuar de uma posição vendida consolidada de US$ 15 bilhões para algo próximo a US$ 10 bilhões, segundo estimativa do próprio BC.

A necessidade de compra da ordem de US$ 5 bilhões no mercado à vista em cinco dias deve fazer também com que o juro em dólar no mercado interno, conhecido como cupom cambial, apresente forte elevação. Os bancos operam de forma casada entre os segmentos à vista e futuro e, dessa forma, terão que vender um volume da mesma ordem de grandeza em contratos futuros, como forma de manter a exposição zerada.

O cupom cambial chegou a subir quase cinco vezes durante o período de ajuste de posições no início do ano, quando o BC criou esse recolhimento compulsório. Quando o cupom cambial aumenta, as operações de arbitragem perdem atratividade, já que o preço da moeda no mercado futuro, palco das especulações dos investidores nacionais e estrangeiros, é formada pelo preço à vista mais a diferença entre o juro interno e externo.

O BC terá de atuar também para oferecer novamente os contratos de swap reverso, como forma de dar liquidez aos agentes no mercado futuro – na sexta-feira o BC já realizou ofertas de swap reverso, sem grande interesse dos agentes. É preciso lembrar que a liquidez de dólares no mercado à vista, no mês passado, estava abaixo da média anual. O fluxo de recursos ficou negativo pela primeira vez desde dezembro, com saída líquida de US$ 2,5 bilhões, o que pode dificultar a tarefa dos bancos de adquirir dólares.

Essas movimentações de recursos terão efeito na taxa de câmbio, mas que deve se diluir ao longo do tempo, conforme ocorreu quando o compulsório foi criado, no início do ano, segundo um especialista no assunto. Na época, a taxa pulou de R$ 1,65 para R$ 1,69, mas recentemente a cotação voltou a registrar recordes de baixa, atingindo R$ 1,56 no início deste mês. O cupom cambial, que na ocasião saltou de 2% para até 10%, retomou o patamar anterior às medidas.

“Essa parece ser daquelas medidas do tipo: faz alguma coisa para o ministro poder dormir”, disse uma fonte, em referência a uma fala recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que a valorização do real estava tirando seu sono.

Outros efeitos colaterais podem ser a abertura do spread entre as taxas de compra e venda, já que o limite de US$ 1 bilhão é muito pequeno para fazer frente às operações dos bancos com as empresas, e o surgimento dos bancos “barriga de aluguel”. Pode ainda criar problemas de fluxo e de cotação das operações, já que as transações terão que ser feitas aos poucos.

As operações do tipo “barriga de aluguel” foram comuns nos anos 90, quando o BC criou restrições às posições compradas dos bancos, numa medida exatamente inversa a de agora. As instituições mais atuantes do mercado, na época, alugavam as margens de bancos de menor porte e lhes remunerava com um prêmio que era, de imediato, repassado ao tomador final.

De acordo com fontes do BC, “é possível” que haja algum efeito na taxa de câmbio, mas o discurso oficial, expresso em nota divulgada no início da noite da última sexta-feira, é de que a medida tem caráter estritamente prudencial.

Fonte: Fernando Travaglini, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.