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Bancos aceleram captação de depósitos com garantia especial

creditoOs bancos estão acelerando as captações de recursos por meio do depósito a prazo com garantia especial do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), o chamado DPGE. O volume de emissões registradas na Cetip entre dezembro de 2010 e maio de 2011 somou R$ 6,39 bilhões, com crescimento de 30% em relação ao período de dezembro de 2009 a maio de 2010. O estoque alcançava, em 10 de junho, R$ 22 bilhões.

O ritmo mais forte de emissões de DPGE observado a partir de dezembro do ano passado decorre de uma combinação de fatores. O fim anunciado da modalidade, o cenário restritivo para cessões de carteiras de crédito e até mesmo o custo da linha – normalmente considerado caro, mas que tem saído mais barato comparado a outras alternativas – vem contribuindo para impulsionar as ofertas.

A perspectiva é de expansão nos próximos meses, muito em função do cronograma de redução gradual das emissões, estabelecido pelo governo em dezembro de 2010. O DPGE, que conta com a cobertura de até R$ 20 milhões do FGC por investidor, foi criado em 2009 para dar aos bancos médios uma fonte alternativa de captação em meio à escassez de recursos que se seguiu à crise financeira deflagrada em 2008. Os bancos podem emitir um volume de até duas vezes o patrimônio de referência (ou depósitos). Agora, o limite para captação será reduzido em 20% ao ano a partir de 2012, até a extinção desse tipo de “funding”, em 2016.

“Faz sentido tomar todo o limite, já que vai haver retração”, diz Paulo Henrique Pentagna Guimarães, presidente do Bonsucesso. “Nós vamos tomar e aqueles [bancos] que tiverem uma política inteligente também.” O Bonsucesso, especializado na oferta de crédito consignado, já emitiu R$ 700 milhões em DPGEs. Seu limite de R$ 950 milhões permite captar, ainda este ano, mais R$ 250 milhões. Em 2012, como o teto cai para R$ 760 milhões, o espaço que sobra é de apenas R$ 60 milhões.

Menos alavancado que seus pares, o Paraná Banco, também especializado na concessão de crédito consignado, usou muito pouco seu limite de R$ 1,5 bilhão. Emitiu apenas R$ 92,7 milhões em DPGEs, ainda em 2009, quando o título foi criado. Mas, apesar de estar com o caixa confortável (R$ 500 milhões), não desconsidera a alternativa do DPGE. “Estamos conseguindo nos financiar via CDB, mas pode ser que utilizemos, sim, DPGE”, afirma Mauricio Fanganiello, gerente de RI.

O mercado de cessão de créditos mais seletivo e caro também explica o movimento. Guimarães, do Bonsucesso, conta que a carteira de crédito retida pelo banco em seu balanço aumentou 43% entre o quarto trimestre de 2010 e o primeiro trimestre de 2011, de R$ 1,195 bilhão para R$ 1,705 bilhão. O Paraná Banco não faz cessão pois considera oneroso esse tipo de captação.

“Depois de PanAmericano, Schahin e Morada, o mercado de cessão ficou bem mais seletivo e caro”, afirma Pedro Gomes, diretor da área de bancos da agência de classificação de risco Fitch. Segundo ele, o custo da cessão está hoje em 103% do CDI, na média – fora os gastos administrativos e com inadimplência. No início do ano estava ainda mais caro, em torno de 104% e 105% do CDI. “Além disso, bancos como Santander e Itaú reduziram os limites de compra. Alguns estrangeiros como Credit Suisse e ABC Brasil nem voltaram a comprar.”

Não é só a cessão de carteira que ficou mais cara. O preço das captações externas também está salgado. Guimarães, do Bonsucesso, fez uma sondagem em abril com investidores de Portugal, Suíça, Inglaterra e Estados Unidos, mas acabou desistindo da ideia de captar US$ 250 milhões. “Estavam pedindo muita taxa de juro”, diz.

O BicBanco, que não havia feito emissão de DPGE até o terceiro trimestre do ano passado, resolveu aderir à modalidade. No fim de março, apresentava saldo de R$ 1,044 bilhão, equivalente a 13,6% do total de depósitos a prazo. O vice-presidente Milto Bardini explica que objetivo principal da instituição é alongar seu passivo – o DPGE tem vencimento mínimo de dois anos. Para efeito de comparação, o prazo médio dos CDBs do BicBanco é de 427 dias, enquanto o vencimento médio dos DPGEs é de 999 dias.

“Mesmo com esse foco específico, a alternativa do DPGE é interessante quando comparada a uma captação externa”, ressalta Bardini. O que mais tem encarecido as captações externas é o custo do “hedge”, proteção que os bancos fazem no mercado de derivativos para anular os efeitos da variação cambial. Segundo Bardini, a diferença do custo total de uma captação externa em relação ao de uma emissão de DPGE, hoje, está na ordem de 10% do CDI. “Queremos fazer concorrência entre o DPGE e a captação externa em dólar.”

O aumento da Selic tem contribuído para diluir o custo dos bancos com a contratação da garantia do FGC – os bancos têm de recolher ao fundo 1% do valor emitido em DPGE. No segundo semestre de 2009, por exemplo, quando a taxa básica de juro estava em 8,75% ao ano, o custo total da captação girava em torno de 114% do CDI. Com a Selic em 12,25% ao ano, esse custo cai para algo como 108% do CDI.

O diretor da área de bancos da agência Fitch alerta, porém, para o risco de uma corrida dos bancos pelo DPGE. “A ideia é que ele seja uma linha de contingência”, diz Gomes. “Se o banco tiver usado todo o limite, durante um momento de estresse pode ficar com a liquidez pressionada.”

O BicBanco, focado na concessão de empréstimos a médias empresas, usou 20% de seu limite de R$ 5 bilhões e não pretende ultrapassar 50% da capacidade (de R$ 2,5 bilhões) no médio prazo. “O DPGE nasceu como um instrumento de liquidez emergencial e consideramos que assim deve continuar”, afirma Bardini.

Mas, segundo Gomes, da Fitch, quem mais tem usado DPGE são bancos pequenos e dependentes de cessão de carteira. “Quanto menor o banco, mais tomado em DPGE ele está.” Antonio Carlos Bueno, diretor executivo do FGC, acredita que a evolução das emissões de DPGE é pouco expressiva. “O crescimento real do estoque gira em torno de 7% a 8% nos últimos seis meses, o que é muito pouco, se considerarmos a tímida compra de carteiras que vem ocorrendo nesse período.”

Fonte: Aline Lima, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.