Aquisições: Credicard recebe propostas até dia 12
Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil são os quatro bancos remanescentes na disputa pela Credicard e têm até o próximo dia 12 para entregar suas propostas de compra ao Citi, atual dono da administradora de cartões. Após esse dia, o banco americano vai analisar as ofertas recebidas e chamar as instituições para conversas individuais, segundo fonte que acompanha o processo. A expectativa é que o vencedor seja escolhido até o fim do mês, mas a assinatura do contrato pode exigir um período adicional.
Os quatro bancos foram os escolhidos pelo Citi para acessar um “data room” com informações financeiras mais detalhadas sobre a Credicard e a promotora de vendas Credicard Financiamentos, também parte da transação. Desse grupo, o comprador menos provável seria o BB.
Um executivo a par do assunto diz que o banco federal não tem interesse de fato em levar a Credicard, pois a compra significaria estatizar a administradora de cartões. O BB, quando se movimenta no sentido de consolidar mercados ou crescer, tem preferido sociedades em que se mantém com menos da metade do capital ordinário.
Na avaliação de um executivo, que pediu para não ser identificado, o valor dos ativos pode ficar entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2 bilhões – um pouco acima de estimativas anteriores, que davam conta de um valor entre R$ 1 e R$ 1,5 bilhão. O BTG Pactual, que chegou a participar de conversas com o Citi, não estaria mais nas negociações.
Depois de avaliar o conteúdo do “data room”, os bancos interessados estão pedindo informações complementares ao Citi, especialmente no que diz respeito a contingências judiciais das duas operações.
No “data room”, o Citi teria apresentado um balanço “pro forma” da Credicard, em que exclui as operações que deseja manter no banco. Além de cartões de correntistas da instituição, que hoje estão embaixo da estrutura da Credicard, ficam no banco estrangeiro as unidades com a bandeira Diners, voltada para alta renda e segmentos corporativos.
Também não faz parte da negociação a fatia de 50% do Citi na joint-venture com a credenciadora americana Elavon, para operar no mercado brasileiro. Criada em dezembro de 2010, a operação de captura transações com cartões no varejo não detém sequer 1% de participação no volume financeiro transacionado eletronicamente no Brasil.
O comprador da Credicard, porém, vai levar junto com a operação de cartões um negócio bem menos atraente: a promotora de vendas Credicard Financiamentos, com cerca de 100 lojas de rua. Um executivo que teve acesso aos números da promotora afirma que ela dá lucro, sim, mas que está longe de ter o apelo da Credicard.
A Credicard, que já foi sinônimo de cartão no país, conta com uma base de cerca de 2,5 milhões de cartões. Esse número de plásticos representa cerca de 4% do mercado brasileiro de cartões de crédito. Um experiente analistas da indústria de meios de pagamento afirma que, em geral, são os portadores mais antigos de cartões aqueles que mais o utilizam na função crédito, o que explica também a atratividade do portfólio da Credicard.
Inicialmente, o Citi queria vender a Credicard até o fim de março para que o resultado da venda impactasse seu balanço do primeiro trimestre. Mas o prazo mostrou-se apertado demais e os planos mudaram.
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