Anbima quer criar Novo Mercado para papéis de renda fixa privada
O objetivo é, a partir de algumas medidas, criar um ambiente mais favorável às emissões de debêntures pelas empresas, seguindo o impulso que o segmento Novo Mercado deu para as ofertas de ações quando foi criado pela BM&FBovespa em 2000.
Contudo, ao contrário do que aconteceu no mercado acionário, o pacote de medidas para as debêntures deve ser anunciado aos poucos. Isso porque enquanto algumas medidas dependem de um consenso dos agentes do mercado, outras envolvem a esfera governamental, como a isenção de impostos.
Porém, de acordo com Marcelo Giufrida, presidente da Anbima, o Novo Mercado da renda fixa também deve contar com algumas exigências de governança corporativa. Um ponto que está em discussão é a retirada das cláusulas de recompra antecipada dos papéis pelas empresas emissoras.
“Isso acaba impedindo o desenvolvimento do mercado secundário de debêntures. Nenhum investidor vai comprar um papel com ágio se corre o risco de, no dia seguinte, ter de devolver o título à companhia”, avalia Giufrida.
O principal esforço da Anbima para a criação desse novo ambiente para os papéis de renda fixa é o desenvolvimento do mercado de revenda de debêntures. Para isso, a entidade pretende ampliar a coleta de informações sobre os preços das debêntures, o que tende a facilitar a negociação dos títulos entre os investidores.
Do lado do governo, a Anbima pede que os impostos sejam retirados para a compra de debêntures por investidores estrangeiros, que poderiam engrossar a lista de compradores de debêntures. Nos títulos públicos, eles já contam com esse benefício. Além disso, como eles estão mais acostumados a comprar papéis de longo prazo, poderiam colaborar para o alongamento da dívida no país.
Porém, neste momento, a vinda de uma nova leva de dinheiro do exterior poderia colaborar para a valorização do real, algo que o governo vem tentando combater.
Neste ano, até novembro, foram lançados R$ 40,8 bilhões em debêntures, uma alta de 50% ante todo o volume emitido ao longo de 2009, segundo a Anbima.
Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico