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Crise e custos afetam corretoras

O fraco desempenho no mercado de ações neste ano, com o agravamento da crise da dívida soberana na Europa, e o ambiente de maior competitividade, diante da chegada de grandes grupos internacionais, impactaram o resultado das corretoras brasileiras.

Levantamento realizado pela consultoria Austin Rating e pelo Valor com as 64 corretoras que já divulgaram balanço no Banco Central mostra que o lucro líquido dessas instituições caiu 32,43% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, passando de R$ 602,27 milhões para R$ 406,98 milhões. Dessa amostra, 27 instituições fecharam o semestre com prejuízo.

A redução das operações, principalmente no mercado de ações, contribuiu para a queda das receitas com serviços que passou de R$ 1,7 bilhão para R$ 1,6 bilhão no período. A queda dos resultados reflete a redução do volume de operações e também o aumento dos custos, principalmente com funcionários e tecnologia.

Com resultados mais fracos muitas corretoras estão reestruturando suas operações para reduzir as despesas. Com um prejuízo de R$ 50,4 milhões, a subsidiária da corretora britânica Icap, uma das líderes do mercado de home broker e BM&F, anunciou na semana passada a demissão de 60 funcionários e tem como meta cortar em 30% os gastos pessoal.

Segundo o diretor financeiro da Icap Brasil, Marco França, dos R$ 50,4 milhões de prejuízo – o maior do levantamento -, R$ 36 milhões referem-se à amortização da compra da corretora Arke, adquirida em 2008. Descontado esse efeito, a Icap passou de uma perda de R$ 15,6 milhões no segundo semestre de 2010 para um resultado negativo de R$ 14,4 milhões nos primeiros seis meses deste ano. “A parcela referente ao ágio da compra da Arke não tem impacto no caixa”, diz França.

Além disso, a corretora está reestruturando a área de tecnologia, com a terceirização do seu sistema de processamento de ordens de grandes investidores institucionais. “Esperamos que o ponto de equilíbrio ocorra no próximo ano”, destaca a Icap em comentário sobre o desempenho do grupo divulgado em Londres.

Além da redução das receitas com intermediação financeira, as operações de alta frequência – que envolvem ordens automatizadas disparadas por programa de computador – também têm pressionado as margens de lucro. “Por envolver um grande volume de ordens, as taxas de corretagem são muito baixas”, afirma Antonio Milano Neto, presidente da SLW. Para oferecer esse tipo de serviço, as corretoras também precisam investir em tecnologia para garantir rapidez e segurança para os investidores na execução das ordens.

Além disso, o Programa de Qualificação Operacional (PQO), criado pela BM&F Bovespa para certificar a qualidade dos serviços das corretoras, também exigiu investimentos em pessoal e tecnologia, com aumento das despesas, principalmente para aquelas não ligadas a conglomerados, que se tornaram alvo de aquisições.

A Flow, que está em negociações para se unir à Plural Capital, apresentou a maior deterioração de resultado, que passou de lucro líquido de R$ 77 mil para prejuízo de R$ 1,4 milhão na comparação entre semestres. “O primeiro semestre foi diretamente impactado pela reestruturação de nossas atividades, a contratação de uma nova equipe para a mesa de renda variável e de oito analistas para a área de pesquisa”, informou a corretora.

Para o diretor-geral da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, o mercado deve passar por uma consolidação no médio prazo. “Hoje há 91 corretoras no mercado, que devem cair para 30 nos próximos dois anos, com muitas instituições devendo se transformar em agentes autônomos.” A própria XP, que adquiriu a Interfloat em junho deste ano, está analisando algumas operações que devem ser anunciadas ainda este ano.

Além disso, os executivos acreditam que o Brasil deve continuar atraindo novos grupos internacionais. “Os países emergentes devem sair vencedores dessa crise e são os mercados de maior interesse”, diz França da Icap.

Fonte: Silvia Rosa, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.