Empréstimo de ações registra recorde em 2010
As operações de empréstimos de ações realizadas na BM&FBovespa bateram recorde de volume financeiro em 2010, ao somar R$ 465,6 bilhões, com 971.558 negócios. O total supera em 80% o volume de 2009, que correspondeu a R$ 258,9 bilhões e 711.987 operações registradas.
O empréstimo de ações é indicado aos investidores que não pretendem vender seus papéis no curto prazo, mas querem obter um rendimento extra com eles. O doador – o dono das ações – coloca o papel para alugar e recebe um retorno prefixado de outro investidor (chamado de tomador), interessado em manter os ativos por um tempo. Além do retorno acordado entre as partes, o doador recebe também uma receita bruta de 0,05% ao ano, percentual concedido pela bolsa a esses investidores.
Vale ressaltar que, ao emprestar os papéis, o doador continua tendo direito a dividendos e juros sobre capital próprio, além de embolsar a eventual valorização que as ações tenham na bolsa. Nessas operações de empréstimos, a BM&FBovespa atua como contraparte central no processo, garantindo todas as operações em seu sistema eletrônico. Isso quer dizer que os investidores que atuam como doadores têm a garantia de que receberão de volta as ações que originalmente foram emprestadas.
De acordo com dados da BM&FBovespa, somente no mês de dezembro foram realizadas 91.926 operações de aluguel de ações, com um giro financeiro também recorde, de R$ 49,366 bilhões. Os contratos em aberto no Banco de Títulos da CBLC encerraram dezembro com um volume financeiro de R$ 22,161 bilhões.
As operações de empréstimo de ações são bastante realizadas pelos fundos long/short (de arbitragem). Um gestor pode, por exemplo, alugar um papel que considera que vai cair e vendê-lo na bolsa. Ele, então, utiliza o dinheiro para comprar outra ação que acredita que vai subir. A vantagem é que o gestor não precisa ter o valor total para comprar os papéis, pois ele paga apenas uma garantia. Se tudo correr conforme o previsto, o gestor se desfaz da ação valorizada, embolsa o lucro e recompra o papel que caiu a um preço menor do que havia vendido para devolvê-lo a quem fez o empréstimo. (Colaborou Luciana Monteiro)
Fonte: Beatriz Cutait, Valor Economico