Polícia prende suspeitos de aplicar golpes bancários em 4 Estados
Policiais civis do Rio de Janeiro realizam, desde o início da manhã desta segunda-feira (11), uma operação para cumprir 15 mandados de prisão de suspeitos de aplicar golpes milionários em bancos nos Estados do Paraná, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Até agora, a polícia já prendeu 14 dos 15 procurados na operação –11 no Rio de Janeiro, um em Salvador e dois no Espírito Santo, onde um outro homem foi preso por porte ilegal de arma. Ao todo, portanto, somam-se 15 prisões na operação. Apenas um suspeito continua foragido, no Paraná. Com o grupo, também foram apreendidos 16 caminhões.
Entre os presos, está o ex-candidato a deputado Rogério Manso Moreira (PTdoB-RJ), suspeito de agir como lobista com o primo, o irmão e o tio –todos também presos–, para arrecadar dinheiro. Ele foi apontado como mentor da ação. Também está preso Rogério Vieira Ramos, o assessor direto do prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.
Procurados pela Folha, os advogados dos suspeitos afirmaram que não vão se pronunciar.
Segundo a Polícia Civil, a quadrilha tem como principais integrantes ex-candidatos a deputado federal e a vereador, um advogado, um contador, um despachante, um sargento do Exército e empresários e lobistas que atuavam na região.
De acordo com o delegado responsável pela investigação Felipe Curi, da 54ª DP (Belford Roxo), os empréstimos dos estelionatários nos bancos chegavam a R$ 3 milhões. Nos últimos anos, eles adquiriram 82 caminhões em diversos Estados para lavar o dinheiro.
A investigação, que durou sete meses, aponta que o grupo causou, em menos de dois anos, um prejuízo de mais de R$ 37 milhões a bancos, pessoas físicas e jurídicas.
Os presos são acusados de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, estelionato e falsidade ideológica. Cerca de 200 policiais civis de delegacias distritais e especializadas participam da operação.
O delegado ainda afirmou que o dinheiro teria sido usado na campanha eleitoral de um prefeito eleito em um dos municípios da Baixada Fluminense. Ele não revelou o nome do prefeito, argumentando que é preciso aguardar a conclusão das investigações.
ENTENDA O CASO
O esquema foi descoberto através de documentos e da quebra de sigilo bancário e telefônico dos suspeitos. A polícia acompanhou os grampos durante quatro meses.
Desde 2011, no total, foram feitos mais de 500 empréstimos em bancos, somando R$ 40 milhões. De acordo com as investigações, os empréstimos chegavam a R$ 3 milhões.
Na primeira etapa do golpe os criminosos aliciavam donos de empreiteiras e pequenos empresários a pedir empréstimos para aumentar o capital social de suas empresas. Assim, poderiam participar de licitações de prefeituras da Baixada Fluminense e municípios de outros Estados, como Ilhéus e Itagimirim, na Bahia.
Parte dessas licitações eram verdadeiras e outras eram falsas.
Na segunda etapa do esquema a quadrilha dizia ao empresário que arcaria com as dívidas deles se eles repassassem a empresa para o grupo. Assim que ocorria o repasse, a empresa era colocada no nome de um laranja.
Esses laranjas acreditavam estar se associando a um grupo sólido já que as empresas, na maioria das vezes, eram antigas. Apontado como um dos integrantes da quadrilha, o advogado Cassius Nascimento Valença, elaborava com despachantes um novo contrato na Junta Comercial para aumentar o capital social da firma e assim facilitar empréstimos maiores em bancos. A quantia declarada, no entanto, era falsa.
Uma das empresas envolvidas chegou a aumentar o capital social de R$ 50 mil para R$ 7 milhões. Numa espécie de pirâmide de empréstimos, o mesmo esquema se repetia com o laranja. Ao menos oito laranjas – que acabaram colaborando com as investigações – participaram da sociedade de 35 empresas que caíram no golpe.