Cruzeiro do Sul leiloa segmento de cartões
O banco Cruzeiro do Sul, em processo de liquidação judicial, fará um leilão no dia 26 para tentar vender sua plataforma de cartões de crédito consignado, aquele com desconto na folha de pagamento. O lance mínimo é de R$ 350 milhões, segundo edital ao qual o Valor teve acesso. O leilão será organizado pela Zukerman.
Com o sugestivo nome comercial “Card Melhor Idade” – marca que também está incluída no leilão -, a plataforma do Cruzeiro tem cerca de 471 mil cartões emitidos, com a bandeira Visa, sendo que 321 mil são considerados ativos. Porém, desde que a liquidação do banco foi decretada em setembro, os clientes tiveram seus cartões bloqueados, não podendo realizar mais transações. Quem comprar a carteira poderá voltar a ativar essa base.
A carteira de cartão de crédito consignado do Cruzeiro foi originada em 237 convênios com órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) e sete com empresas da iniciativa privada. O leilão inclui a “possibilidade” de transferência da titularidade dos convênios ao vencedor, segundo o edital. O pagamento tem que ser feito à vista.
Além do cadastro dos portadores do cartão, também faz parte do pacote leiloado a plataforma tecnológica da operação, o contrato com a processadora de cartões Fidelity e uma carteira de crédito inadimplente que o vencedor pode tentar recuperar. No ano passado, quando o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) tentou vender o Cruzeiro do Sul para salvá-lo da liquidação, alguns bancos chegaram a afirmar que o maior atrativo estava justamente na plataforma de cartões de crédito consignado.
O cartão de consignado é considerado mais rentável que o empréstimo com desconto em folha tradicional. A taxa de juros máxima do cartão consignado, fixada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), é superior à do empréstimo tradicional, por exemplo. Os bancos também podem vender seguro para esse cartão e cobrar uma taxa de emissão do meio de pagamento, o que contribui para melhorar a rentabilidade para a instituição.
Em novembro, o banco Bonsucesso pagou R$ 1,52 milhão por uma outra plataforma de cartões do Cruzeiro do Sul, a Star Cash, de cartões pré-pagos para viagens. O leilão para venda da Star Cash só vingou na segunda tentativa, depois que o valor mínimo para lances baixou de R$ 3 milhões para R$ 1,5 milhão. Coincidentemente, um dos principais negócios do Bonsucesso é o cartão de crédito consignado.
Além das plataformas de cartão, diversos outros bens do Cruzeiro do Sul já foram leiloados, na tentativa de cobrir, pelo menos parcialmente, o rombo de R$ 2,2 bilhões da instituição. A lista inclui três helicópteros, sete veículos e uma série de móveis da sede do banco.
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