Dilma mostra que não socorrerá empresas após Cruzeiro do Sul
A liquidação do Banco Cruzeiro do Sul SA, a maior quebra de uma empresa na América Latina em uma década, é o sinal mais recente de que o governo da presidente Dilma Rousseff não vai socorrer credores de companhias que se arriscam em excesso.
O Banco Central, que interveio no Cruzeiro do Sul em junho sob a suspeita de fraude, anunciou em 14 de setembro que fechou as portas da instituição de crédito consignado depois que ela não conseguiu encontrar um comprador. Os detentores de US$ 1,6 bilhão em títulos do Cruzeiro do Sul, que aceitaram perdas de até 74 por cento na reestruturação, podem agora perder tudo o que aplicaram. Investidores de títulos da Centrais Elétricas do Pará SA e da Rede Energia SA perderam até 77,4 por cento no ano passado depois que o governo se recusou a resgatá-las.
A decisão do governo de deixar empresas irem à falência ajudou a limitar a valorização dos títulos de alto risco, ou junk bonds, de empresas do país este ano para 7,91 por cento, menos da metade do ganho de 15,48 por cento para papéis com nota similar de mercados emergentes. Investidores apostavam que o Fundo Garantidor de Créditos, que foi nomeado como interventor do Cruzeiro do Sul, fosse reproduzir o papel que teve no resgate do Banco Panamericano SA em 2010, segundo a Gleacher & Co. Inc. Os papéis do Panamericano dispararam 33,33 por cento desde que o FGC ajudou a financiar a venda da instituição para o Banco BTG Pactual SA.
“Isso está dizendo para a gente que o tom mudou a partir de agora”, disse Christina Ronac, diretora de mercados emergentes da Gleacher, em entrevista por telefone. “Veja a Celpa e a Rede Energia. O tipo de socorro que costumava ocorrer não está acontecendo mais. O FGC está cansado de assinar cheque. Os resultados fiscais do Brasil precisam melhorar, então a Dilma está pondo o pé no freio e dizendo que é preciso interromper estes resgates, e eu diria que os investidores estrangeiros estão sofrendo injustamente.”