Notícias

Standard & Poor`s Rating Services enfrenta riscos a sua reputação

Observadores dizem que a firma de classificação de risco pode ter dificuldades se não conseguir estancar a recente onda de tropeços

O falso alarme que soou na França na semana passada, dado pela Standard & Poor`s Rating Services, foi outro momento infeliz para essa agência de classificação de risco, logo quando ela tenta melhorar sua reputação, após os problemas ocorridos com algumas classificações durante a crise financeira.

O alerta errôneo enviado para alguns investidores sobre um rebaixamento da dívida da França do seu grau AAA – embora a S&P’ não tenha feito, de fato, o rebaixamento – foi “apenas mais um motivo para os investidores não se sentirem seguros”, disse Harris Trifon, diretor mundial de análise sobre dívidas imobiliárias comerciais da Deutsche Bank Securities Inc. e ex-funcionário da S&P.

O órgão regulador do mercado acionário francês informou que abriu uma investigação sobre o alerta errôneo da S&P. A comissão de valores mobiliários, dos Estados Unidos, a SEC, também deve examinar o incidente, segundo uma pessoa a par da situação.

Um porta-voz da SEC não quis comentar sobre quaisquer dúvidas específicas relativas à S&P. “No ano passado iniciamos um programa de monitoramento contínuo das principais agências de classificação de crédito, o que nos permite analisar as questões à medida que surgem”, disse ele.

Em um comunicado, um porta-voz da S&P disse que “estamos em comunicação regular e cooperamos com as investigações feitas pelos nossos órgãos reguladores”.

Observadores da área de direito disseram que é improvável que a gafe cometida pela S&P na França resulte em uma notificação à divisão de execução da SEC para um possível processo civil. Ainda assim, essa foi a mais recente confusão a chamar a atenção, negativamente, para a maior firma americana de classificação de dívida em número de títulos classificados, em comparação com as rivais Moody’s Investors Service e Fitch Ratings.

“Um só erro é uma coisa, mas um padrão recorrente de erros tem mais probabilidade de dar legitimidade aos críticos da firma”, disse Jeffrey Manns, professor de direito na Universidade George Washington.

As três agências de classificação foram criticadas por legisladores e investidores quando títulos lastreados em hipotecas que receberam delas as melhores notas foram depois rebaixados para a classificação de alto risco, ou “junk”.

Mas só a S&P havia divulgado, antes mesmo de cometer seu erro relativo à França, que foi advertida pela SEC de que poderia enfrentar acusações de fraude civil relativas à maneira como classificou uma obrigação de dívida colateralizada. A S&P também está lidando com mais um punhado de averiguações da SEC, segundo pessoas a par do assunto, incluindo uma investigação sobre um possível vazamento de informações privilegiadas logo antes do rebaixamento, sem precedentes, que a firma fez da dívida dos Estados Unidos em agosto.

A S&P, divisão da McGraw-Hill Cos., continua entrincheirada no negócio de classificar todo tipo de papeis, desde títulos hipotecários até obrigações municipais, mas pode perder alguns negócios se não conseguir estancar a sequência de equívocos, segundo alguns observadores. Mas como alguns investidores só podem comprar dívida avaliada pela S&P e outras grandes firmas de classificação, uma reputação abalada não deve ter impacto de curto prazo sobre os lucros da empresa.

A classificação errônea da França pela S&P ocorre quando autoridades europeias estão tentando obrigar as emissoras de títulos a fazer uma rotação nas firmas de classificação que utilizam. A medida, que, segundo analistas, pode prejudicar os lucros das firmas, exige aprovação final por parte das instituições da União Europeia.

O mercado imobiliário comercial ficou abalado em meados deste ano quando a S&P retirou, no último minuto, sua classificação em um negócio envolvendo hipotecas sobre imóveis comerciais. Desde então a firma não foi mais contratada para classificar nenhum negócio semelhante. No terceiro trimestre, a participação da S&P no mercado de classificação de títulos lastreados em hipotecas comerciais americanas encolheu para 15%, ante 55% um ano antes, segundo uma publicação da indústria, a “Asset-Backed Alert”.

O porta-voz do S&P disse, em uma declaração ampla sobre a firma, que “os investidores continuam a valorizar” a classificação e a pesquisa que esta oferece.

Em agosto, funcionários do Departamento do Tesouro americano disseram que o rebaixamento feito pela S&P da dívida dos EUA de longo prazo foi baseado em um erro de US$ 2 trilhões. A S&P informou que a discrepância foi devida a uma diferença em suposições.

Em um relatório da SEC sobre as firmas de classificação de crédito, divulgado em setembro, a agência citou, sem nomear a S&P, um erro cometido por uma agência de classificação, quando anunciou que provavelmente iria rebaixar mais de 1.000 títulos vinculados a hipotecas. Pessoas familiarizadas com o assunto disseram que a empresa não identificada era a S&P.

A SEC divulgou que aquela determinada firma tinha identificado um erro na avaliação dos títulos, mas não tomou medidas imediatas para rebaixar aquelas transações lastreadas em hipotecas. O órgão regulador afirmou que sua preocupação era que “considerações comerciais e relativas à quota de mercado” da firma contribuíram para o atraso do rebaixamento. Segundo o relatório, a S&P, a Moody e a Fitch “fizeram alterações para melhorar” suas operações desde a crise financeira. A SEC informou que continuou encontrando falhas aparentes nas três firmas, mas nada que constituísse uma “deficiência regulamentar de importância” na época. A Moody’ é uma divisão da Moody Corp., enquanto a Fitch faz parte da Fimalac SA. As empresas informaram que estão trabalhando para resolver as preocupações do órgão regulador.

Fonte: Jeannette Neumann e Jean Eaglesham, WSJ, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.