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Socorro a Portugal não ameniza crise e há risco de contágio

CB067404Turbulências em vários países da zona do euro por causa da dívida soberana se intensificaram esta semana, apesar do acordo de socorro de € 78 bilhões para Portugal por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE). A Europa está profundamente dividida sobre como tratar de vez o problema da dívida soberana de sua periferia, juntando a isso “fadiga de reformas”, mais necessidade de recursos por parte dos países afetados e riscos de contágio.

Em relatório sobre a Ásia-Pacífico, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou esta semana a região para se preparar “para o potencial do pior nos próximos meses”, com o risco de “maior contágio” a partir da crise da divida soberana de vários países europeus. Um impacto será aperto e aumento no custo de captação de recursos externos.

É nesse cenário que presidentes dos principais bancos centrais do mundo voltam a se reunir na segunda-feira em Basileia, para discutir o estado da economia global e os riscos para seus mercados. Analistas notam que está fazendo um ano desde que a UE e o FMI lançaram o programa de ajuda de US$ 162,9 bilhões para a Grécia. No entanto, o “perigoso impasse” continua, na expressão do Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa os maiores bancos do mundo.

A expectativa nos mercados é de algum “default” proximamente na zona do euro. Ilustração disso são os novos recordes de “spreads” dos títulos públicos e CDS para a Grécia e Portugal. A Grécia teve que pagar juro acima de 25% para seus papéis de dois anos, bem além dos 16% para os títulos de dez anos.

A tensão nos mercados voltou diante da constatação de um “gap” na necessidade de recursos da Grécia para 2012. Ano que vem, o país terá que recorrer ao mercado para obter 60% de duas necessidades de financiamento. Significa € 30 bilhões a mais para os gregos, algo fora de questão, como avisam os bancos. A Grécia comprometeu-se a elevar a coleta de impostos em € 11,8 bilhões até 2013, combatendo a sonegação, que é uma praga no país. Mas isso não altera o diagnostico de que seu problema é maior do que se previa. O déficit público é bem maior do que o estimado, ficando em 105% em 2010. Sobretudo, cresce a “fadiga de reformas” no partido do governo e na sociedade. E em vários países credores aumenta a frustração de que os gregos não têm feito o necessário para resolver sua divida.

O debate na zona do euro cresce sobre se e como reestruturar a dívida soberana da Grécia. A linha oficial é de que o tema não está na mesa, pelo risco de consequências idênticas à falência do banco americano Lehman Brothers.

Mas alguns governos e investidores vêm sinalizando a crescente dúvida, ainda mais que a Grécia precisará de mais dinheiro no ano que vem. A Alemanha gostaria de “encorajar” os gregos a sentar na mesa com os credores este ano e discutir a extensão dos prazos de pagamento de sua dívida, a chamada restruturação do débito. Isso reduziria as necessidades de financiamento nos próximos anos.

Uma sugestão no mercado aponta para a restruturação feita pelo Uruguai em 2003, que adiou o pagamento da dívida de seus títulos públicos por cinco anos.

No entanto, o Banco Central Europeu (BCE, a França e a União Europeia continuam se opondo mesmo a uma forma “doce” de restruturação, estimando que isso atingiria imediatamente Irlanda, Portugal e outros países.

A persistência da crise grega ameaça de novo contagiar outros países potencialmente problemáticos, como Espanha e Irlanda. Novos dados mostram também que Itália e Bélgica têm enormes necessidades de financiamento em relação ao PIB.

No caso da Espanha, os “spreads” da dívida soberana, que estavam caindo, voltaram a subir. De um lado, o governo de José Zapatero conseguiu reduzir o déficit orçamentário em 20% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. Mas bancos apontam a deterioração da economia: o desemprego bateu recorde de 21,3%, as vendas no varejo caíram 8,6% comparado a 4,6% em fevereiro, e a inflação acelerou para 2,8% em abril na zona do euro.

Alem disso, os spreads dos títulos de governos regionais da Espanha subiram 80 pontos-base, com investidores desconfiando de que seus déficits são bem maiores do que revelados até agora.

O Banco Internacional de Compensações (BIS), que reunirá os principais presidentes de BCs na segunda-feira, mostra que a exposição de bancos estrangeiros na Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha declinou US$ 150 bilhões em 2010. Ao mesmo tempo, os bancos desses países aumentaram o volume de títulos públicos em seu poder, tornando-os ainda mais vulneráveis.

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.