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Silvio Santos contrata consultoria para planejar sucessão no grupo

Quando o PanAmericano quebrou por causa de um rombo de R$ 4,1 bilhões – que resultou na venda do banco para o BTG – o Grupo Silvio Santos demonstrou sinais de que seus negócios podiam ser insustentáveis. Afinal, cerca de 90% do lucro líquido do grupo era engordado pelos resultados fictícios da instituição financeira. Sem os números fraudulentos, a organização acumula prejuízos de R$ 79 milhões nos últimos três anos e dívida total de R$ 400 milhões. Passados três meses da venda do PanAmericano, o grupo, controlado pelo empresário Silvio Santos, agora se prepara para tentar ficar na história como um dos raros casos de companhias que sobreviveram após a quebra de seu principal negócio.

Para concretizar o objetivo, Silvio Santos contratou, há cerca de um mês, a firma americana Cambridge Advisors to Family Enterprise, do consultor John Davis, um dos maiores especialistas em gestão e sucessão de empresas familiares. Professor de Harvard, Davis tem sido bastante requisitado por empresas brasileiras. Ele foi um dos responsáveis pela escolha, em 2006, de André Johannpeter no processo de sucessão de Jorge Gerdau no grupo Gerdau. Ele também orientou a transição no comando do Pão de Açúcar, do empresário Abilio Diniz, em 2003.

Silvio Santos - Sucessão

A missão de Davis é propor um novo estilo de gestão, com regras mais claras e critérios de controle mais rigorosos para as companhias do grupo, além de planejar a sucessão dos negócios. Silvio Santos completou 80 anos em dezembro. “O objetivo é disciplinar as normas gerais e criar ferramentas mais poderosas de controle para evitar que aconteçam outros casos como o do PanAmericano”, disse ao Valor o presidente do grupo, Guilherme Stoliar, sobrinho de Silvio Santos, em sua primeira entrevista desde que substituiu Sebastião Sandoval no comando da organização, em novembro.

O trabalho de Davis incluirá a preparação da família para a nova estrutura de governança. Na prática, isso quer dizer que as seis filhas de Silvio Santos – Cintia, Silvia, Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata – passarão por treinamento sobre como fazer parte das empresas. “O processo poderá identificar se uma delas tem perfil para assumir o comando dos negócios”, diz Stoliar. “Ou, ainda, indicar se o melhor será reunir a família na holding.”

Stoliar afirma que após a venda do PanAmericano, o que sobrou no grupo foram empresas com baixa rentabilidade e que enfrentam dura concorrência em seus mercados. Hoje, o grupo tem cinco divisões: SBT, Jequiti (cosméticos), a varejista Lojas do Baú, a Tele Sena (de capitalização) e o braço imobiliário Sisan, que também controla o Hotel Jequitimar.

“Foi um baque perder o banco. O Grupo Silvio Santos não chegou a quebrar, mas suas empresas têm enormes dificuldades para superar”, diz Stoliar. O próprio executivo enumera os desafios. O SBT perdeu o segundo lugar em audiência média para a Record em 2010 e ainda luta para manter o terceiro posto. A rede de TV deve faturar R$ 1 bilhão em 2011 – 47,6% do faturamento do grupo, estimado em R$ 2,3 bilhões (veja quadro).

Na divisão de capitalização, as vendas estão estagnadas. Há mais de quatro anos, o grupo vende 5 milhões de cartelas da Tele Sena por mês a R$ 6 cada. No auge, comercializava 15 milhões. “As vendas foram mantidas porque os preços não foram reajustados. Mas isso vem reduzindo a rentabilidade do negócio”, diz Stoliar. As Lojas do Baú, por sua vez, não têm força para concorrer com rivais como o Grupo Pão de Açúcar (que reúne Globex e Casas Bahia), Máquina de Vendas e Magazine Luiza. E Jequiti, apesar de bom negócio, está em fase inicial e ainda não dá lucro.

Ano deve ser de prejuízos, ainda que Baú seja vendido

A rede Lojas do Baú é hoje o maior problema do Grupo Silvio Santos. Estima-se que cerca de metade da dívida total de R$ 400 milhões da organização pertence à varejista. Segundo pessoas próximas do grupo, o Baú está à venda e o Banco Bradesco de Investimentos (BBI) está intermediando as negociações com os interessados. A reportagem do Valor ainda apurou que mesmo que o Baú seja vendido este ano, a organização deve encerrar 2011 com mais de R$ 100 milhões de prejuízos.

Os resultados negativos do Baú se acumulam há anos, mas foi a partir de 2009, com a compra da rede de 110 lojas da Dudony, do Paraná, que o negócio degringolou. A rede paranaense estava em recuperação judicial, com um passivo de mais de R$ 100 milhões, hoje em torno de R$ 230 milhões.

A Dudony foi adquirida depois que Silvio Santos foi descartado na disputa pela compra da rede de eletroeletrônicos Ponto Frio, colocada à venda em 2009 por sua então controladora, a bilionária Lyli Safra. O interesse do empresário em entrar na disputa com grupos tradicionais do setor, como Magazine Luiza e Pão de Açúcar (que acabou fechando o negócio), chegou a causar estranheza no mercado, pois o Baú era considerado uma rede de pouca envergadura, com apenas 20 lojas em operação. Hoje, o Baú tem 130 unidades.

A estratégia era movida, contudo, pela sinergia que o negócio poderia gerar com o banco PanAmericano. Se Silvio Santos tivesse comprado a rede de mais de 400 lojas do Ponto Frio, o banco expandiria seu canal de vendas e, significativamente, sua força de distribuição de produtos como crédito consignado, financiamentos de veículos e empréstimos pessoais.

O presidente do grupo, Guilherme Stoliar, não confirma o interesse de venda do Baú, nem o tamanho da dívida. Mas admite que a rede trabalha no vermelho. “Operação no varejo sem escala não dá lucro. Para pagar a operação, é necessário ter no mínimo uma rede de 300 pontos de venda”, diz.

Consultores avaliam que não faz mais sentido para Silvio Santos manter o Baú. “No varejo, quem não é comprador vira alvo de aquisição. E para ser comprador é preciso ter dinheiro”, diz o consultor Márcio Roldão, sócio da Avention, especializada em gestão. “A venda de ativos deve ser necessária para o grupo se fortificar e se voltar ao negócio que sabe fazer.”

Apesar do cenário desfavorável, Stoliar está otimista. Ele estima que o faturamento do grupo em 2015 alcançará R$ 2,8 bilhões, com lucro líquido de quase R$ 300 milhões. O SBT responderá por metade da receita, enquanto Jequiti chegará a R$ 900 milhões. O plano de expansão se baseia em corte de custos, como a aquisição de pacotes de filmes mais baratos para o SBT, e transferência de áreas administrativas para o complexo Anhanguera (sede da TV). 

Fonte: Denise Carvalho, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.