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Rombo de R$ 2,5 bi supera exposição do FGC e dificulta venda do Cruzeiro

A cada dia fica mais distante a chance de venda do Cruzeiro do Sul como forma de evitar a liquidação do banco, segundo pessoas envolvidas na auditoria da instituição que está sob intervenção do Banco Central (BC).

Até agora, foram levantados R$ 1,6 bilhão em operações fraudulentas de crédito, sendo que algumas tiveram origem oito anos atrás. Fora isso, ainda há no Cruzeiro do Sul cerca de R$ 900 milhões em problemas como patrimônio superestimado, provisões inferiores às necessárias e passivos tributários. No início da intervenção, calculava-se que o banco teria R$ 1,3 bilhão em créditos falsos.

Os números ainda são preliminares e só devem ser concluídos nas próximas duas semanas pela auditoria que está sendo conduzida dentro da instituição pelo Banco Central, pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e pela PwC. Procurado pela reportagem, o FGC não retornou o pedido de entrevista para confirmar as informações.

Se o rombo alcançar R$ 2,5 bilhões, o desfecho da intervenção pode ser a liquidação do banco. Isso porque as inconsistências contábeis superariam a exposição que o FGC tem no banco, que é de R$ 2,2 bilhões. Portanto, para encontrar uma solução de mercado, o FGC teria de arcar com um prejuízo maior do que o risco que corre hoje, que é equivalente à cobertura que a entidade terá de dar a investidores de depósitos a prazo com garantia especial (DPGE) e Certificados de Depósitos Bancários (CDB) emitidos pelo Cruzeiro.

O tema tem trazido preocupações ao FGC, entidade criada para garantir o dinheiro de depositantes dos bancos e que tem como principais contribuintes os maiores bancos do país. O FGC tem um patrimônio de R$ 31,1 bilhões.

Apesar de ter sido detectado no PanAmericano um rombo de R$ 4,3 bilhões – bem superior àquele estimado para o Cruzeiro do Sul – a exposição do FGC à instituição que pertencia ao empresário Silvio Santos era muito superior, de cerca de R$ 7 bilhões. Por isso, a venda do banco ao BTG Pactual se tornou viável.

Foi mais “barato” arcar com o rombo e vender o banco do que deixá-lo ser liquidado. Além disso, o PanAmericano tinha como um dos principais acionistas um banco público, a Caixa Econômica Federal, o que poderia causar mais problemas de desconfiança ao sistema bancário.

O FGC ainda tem em seu ativo carteiras de crédito compradas do Cruzeiro do Sul. Só em um fundo de direitos creditórios, o FGC aportou R$ 1,1 bilhão. Neste caso, porém, o fundo corre o risco dos tomadores dos empréstimos de consignado. Como esses créditos foram auditados antes de serem comprados pelo FGC, a expectativa é que não corram risco de fraude.

Valor apurou que um dos pontos que ainda podem viabilizar a venda do Cruzeiro do Sul é o levantamento do exato montante de provisões do banco para calotes. Como isso se transforma em créditos tributários, no futuro, o comprador da instituição conseguiria recuperar esse valor.

Os créditos tributários eram um dos maiores atrativos que o BTG Pactual enxergou na operação do Cruzeiro do Sul. Por isso, antes da intervenção, a instituição controlada por André Esteves chegou a negociar a compra do Cruzeiro do Sul. Ao utilizar o crédito fiscal, o BTG Pactual reduziria o imposto a pagar sobre o lucro do banco.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.