Para BC, bancos médios são seguros
Apesar da intervenção decretada no Cruzeiro do Sul, o segmento de bancos pequenos e médios no País tem solidez comparável à das grandes instituições porque possui liquidez, capital e rentabilidade, garantiu ontem o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Além do diagnóstico tranquilizador, Tombini defendeu o segmento, que conta atualmente com 128 bancos e está sob “monitoramento constante”.
Durante audiência pública na Comissão Mista de Orçamento da Câmara dos Deputados, Tombini defendeu a importância do segmento ao afirmar que os pequenos e médios são responsáveis por 17% dos ativos totais do sistema financeiro nacional, 13,4% do crédito e 15% dos depósitos. Juntos, esses bancos registraram lucro de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre do ano, o que representou 11% dos ganhos de todo o setor.
Especialização. Segundo Tombini, a maior parte dessas instituições direciona crédito para pessoas físicas e empresas de pequeno e médio portes. A especialização foi considerada “importante” pelo presidente do Banco Central, que afirmou, ainda, que essas instituições foram relevantes no processo de redução das margens cobradas nos empréstimos, os spreads, nos últimos anos.
Na tentativa de acalmar os parlamentares sobre o risco de contágio após os problemas no Cruzeiro do Sul, Tombini mencionou que a instituição é pequena: representa 0,22% dos ativos totais do sistema financeiro e 0,35% dos depósitos. “É um banco de pequeno porte.”
Menosprezo. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) interpelou nesse momento o presidente do Banco Central e sugeriu que Tombini estaria menosprezando uma “fraude de R$ 1,3 bilhão”, conforme estimativa do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). “Claro que não, tanto que decretamos ontem o Regime de Administração Especial Temporária (Raet)”, respondeu Tombini.
O presidente do Banco Central negou ainda que a instituição tem sido negligente na fiscalização dos bancos pequenos e médios. “Nós monitoramos diariamente essas instituições e acompanhamos quando surgem problemas”, afirmou.
Segundo ele, o BC age conforme a lei e as normas de regulação, de forma a circunscrever os problemas aos casos específicos.
Sem se referir a nenhum episódio anterior, Tombini afirmou que as soluções de mercado encontradas pelo BC não se confundem com a responsabilização dos administradores e pessoas envolvidas em irregularidades. Disse também que o Raet foi considerada a solução “mais adequada” para o Cruzeiro do Sul e que o BC não recebeu nenhuma proposta viável de compra do banco.
Origem. O Cruzeiro do Sul foi comprado em 1993 pela família Indio da Costa e no mesmo ano ingressou no mercado de crédito consignado.O banco registrou prejuízo de R$ 57,9 milhões no primeiro trimestre, ante lucro de quase R$ 32 milhões no quarto trimestre de 2011 e de R$ 41 milhões um ano antes.
O Cruzeiro do Sul emitiu R$ 2,5 bilhões em Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGEs) ou Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que foram comprados por outros bancos e fundos de investimentos.
A instituição financeira também emitiu bônus externos no valor de R$ 2,8 bilhões, segundo dados do fim do primeiro trimestre deste ano. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Fonte: Eduardo Cucolo,Fernando Nakagawa e Anne Warth, da Agência Estado