Operação Fides: Fraude em financiamento de veículos teria usado igreja para lavagem de dinheiro no RS
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira a Operação Fides, que investiga esquema de gestão fraudulenta e procedimentos irregulares em instituições financeiras para concessão de financiamento de veículos e empréstimos bancários. Os investigadores calculam um prejuízo inicial de R$ 3 milhões para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Policiais federais cumpriram oito mandados de condução coercitiva e 10 de busca em Porto Alegre, Cachoeirinha, Alvorada e Porto Alegre, além do bloqueio de uma conta bancária e das apreensões de dois veículos.
As fraudes apontaram envolvimento de funcionários das duas instituições financeiras em um sistema de superavaliação de veículos para concessão de financiamentos. De acordo com os levantamentos das auditorias dos dois bancos, até 2014, pelo menos 96 carros foram superavaliados, gerando financiamentos bem acima do que seria seguro aos bancos. O esquema, segundo a investigação da Polícia Federal, envolveu pelo menos quatro funcionários da Caixa Econômica Federal e um do Banco do Brasil. O delegado Eduardo Bolis, que comandou a investigação, afirma que outras pessoas ainda são investigadas.
Contadores e técnicos em contabilidade participavam com a elaboração de documentos falsos para a comprovação de renda dos clientes. A diferença entre o valor do bem financiado e o seu preço de mercado ficavam com os fraudadores. Duas lojas de veículos, uma em Porto Alegre e uma em Alvorada, participavam do esquema criminoso.
Um dos investigados é ex-funcionário do Banco do Brasil (demitido em razão da fraude) e pastor. O religioso cooptava fiéis para participarem da fraude e teria movimentado dinheiro das revendas de veículos para contas da igreja, que seria utilizada para a lavagem de dinheiro. O nome do suspeito não foi divulgado pela PF. Ele é morador de Cachoeirinha e acabou autuado em flagrante na manhã desta terça por posse ilegal de arma.
— Além de facilitar documentações para que o banco fizesse financiamentos com garantias falsas para compras de veículos, ele oferecia outras formas de créditos a fiéis em pleno culto religioso — conta o delegado.
Muitos clientes fizeram uso também de outras vantagens alcançadas com os documentos falsos, como empréstimos pessoais, cartões de crédito e cheque especial. São investigados os crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, obtenção de financiamento mediante fraude, formação de quadrilha, estelionato contra entidade de direito público, falsidade ideológica, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O nome da operação
Fides é uma palavra do latim que significa “confiança, crença, promessa, juramento”. Ela dá origem a palavra “fé”.
Fonte: Zero Hora, com informações da Polícia Federal e http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias