Oboé: Caixas lacrados e clientes buscam informações
Na manhã do dia seguinte à intervenção da Oboé Financeira pelo Banco Central (BC), “em razão do comprometimento da situação econômico-financeira da instituição”, o clima era de ansiedade e preocupação. Os dois caixas eletrônicos anexos à sede da Oboé Financeira, na avenida Virgílio Távora, funcionavam normalmente durante a manhã.
Os clientes, no entanto, chegavam apressados para realizar saques, com a informação de que os caixas seriam lacrados a partir do meio-dia. Dados divulgados pelo Banco Central no início da tarde de ontem confirmam a suspeita dos clientes: os caixas já estão lacrados. Conforme O POVO apurou em matéria divulgada ontem, os clientes devem aguardar instruções do interventor e do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
A fila nos caixas estava extensa, e a cada minuto juntavam-se mais clientes com expressão preocupada. A servente da C. Rolim Engenharia, Simone Soares, 28, chegou com o uniforme da empresa. Ela estava aflita por ter recebido a informação de que no período da tarde “ninguém sabia se seria liberado para sacar”.
Perto dali, na porta de entrada da Oboé Financeira, a notícia da intervenção era comunicada na forma de três decretos afixados pelo BC. A entrada estava barrada pelos seguranças da instituição, que informaram: “a direção da Oboé está sendo tomada pelo Banco Central”. Segundo funcionário do Departamento de Liquidação do Banco, que se encontrava no local e não quis se identificar, os diretores da Oboé estavam em reunião com integrantes do BC, incluindo o interventor Luciano Souza de Carvalho. Eles negaram dar entrevista à imprensa.
Ao contrário do que foi informado, o Banco Central divulgou ontem que a intervenção à Oboé é de seis meses, podendo ser prorrogado a mais seis. Tanto a Oboé Financeira, quanto as empresas do grupo (Companhia de Financiamento Oboé; Oboé Tecnologia e Serviços Financeiros; e Oboé Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), estão agora sob direção do Banco Central.
Havia movimentação de clientes cheios de dúvidas, e de funcionários que poupavam respostas. Esse foi o caso do empresário italiano Pino Ziccardi, cliente da Oboé há apenas três dias. A fim de fechar a conta, Pino foi barrado na entrada pelos seguranças. “Essas coisas só acontecem no Brasil”.
Por meio da Oboé, são feitos pagamentos salariais a funcionários da construção civil por parte de construtoras, como a C. Rolim Engenharia, a Normatel e a C3M Engenharia. O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), Roberto Sérgio, afirmou que “o trabalhador não poderá e não será prejudicado”. De acordo com ele, “as empresas que operam com a Oboé vão fazer o pagamento até, no máximo, segunda-feira. O que é certo é que vai ser pago”.
ENTENDA A NOTÍCIA
A intervenção pelo Banco Central à Oboé Financeira já mostrou resultados: os caixas eletrônicos foram lacrados. As operações da instituição estão suspensas por 60 dias, mas a intervenção vai durar, no mínimo, seis meses.
SERVIÇO
Confira como obter ajuda
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) criou uma conta específica para resolver os problemas dos clientes da Oboé Financeira:
credoresoboe@fgc.org.br
Para mais informações: Oboé – 3521 3521 ou FGC – (11) 3543 7000 ou www.fgc.org.brononon
Fonte: Juliana Diógenes, o Povo online