Novo chefe do UBS quer enxugar unidade de banco de investimentos
Sob pressão para revitalizar as perspectivas do UBS AG e ajudar o banco suíço a se recuperar de um escândalo envolvendo um operador, o diretor-presidente interino do banco está se preparando para encolher sua unidade de banco de investimentos.
Sergio P. Ermotti, que assumiu o comando há menos de um mês, descartou a venda ou desmembramento do banco de investimentos, mas decidiu reduzir significativamente suas atividades e tamanho para intensificar o foco do UBS em sua enorme divisão de gestão de fortunas, de acordo como pessoas familiarizadas com suas ideias.
O plano é uma meia-volta para o UBS, maior banco da Suíça, que gastou bilhões de dólares em aquisições e investimentos para erguer um banco de investimentos global capaz de competir com as maiores firmas de Wall Street.
O banco de investimentos viveu bons momentos nos anos que antecederam à crise financeira, registrando grandes lucros em 2005 e 2006, quando vinha ampliando suas atividades de corretagem e assessoramento e assumia mais riscos para melhorar os retornos.
Muitas dessas apostas, entretanto, foram tiros pela culatra. A divisão teve enormes prejuízos durante a crise financeira e ficou para trás de alguns concorrentes em muitas áreas de negócios, especialmente nos Estados Unidos.
A maioria das mudanças propostas deve afetar o negócio de renda fixa do banco de investimentos, disseram as pessoas a par do assunto. O banco de investimentos do UBS empregava 17.776 pessoas pelo mundo no fim de junho, de acordo com informes às autoridades. A divisão tem uma grande presença nos EUA, onde emprega milhares de operadores e banqueiros de investimento, principalmente em Nova York e em Stamford, Connecticut, onde se gaba de ter uma das maiores salas de corretagem.
No meio do ano, o UBS anunciou que planejava demitir 3.500 pessoas, com cerca de metade dos cortes vindo do banco de investimentos. Não está claro como outras vagas podem ser afetadas pela mudança proposta por Ermotti.
Considerado por muitos como o principal candidato a virar o diretor-presidente permanente, Ermotti deve anunciar seus planos num encontro com investidores em 17 de novembro.
Ermotti manteve o conselho informado sobre o plano, mas não está claro se o conselho o aprovou, disseram as pessoas a par do assunto.
Ermotti era vice-diretor-presidente do Unicredit Group, da Itália, e subiu ao principal cargo do UBS após a renúncia de Oswald Grübel na sequência das notícias de que um operador do banco de investimentos da firma baseado em Londres havia perdido US$ 2,3 bilhões em negociações não autorizadas.
Ermotti disse a colegas que a antiga estratégia do UBS de ter dois pilares com praticamente a mesma importância — o banco de investimentos e a divisão de gestão de fortunas — não é mais viável.
Em sua visão, o UBS precisa se concentrar no negócio, de relativamente baixo risco e alta margem, de vender produtos de investimento e poupança a seus clientes ricos pelo mundo, de acordo com pessoas familiarizadas com a situação.
O plano representa uma decisão corajosa de Ermotti, que disputa com candidatos internos e externos a posição permanente de diretor-presidente do banco, até porque a divisão de gestão de fortunas vem tendo que superar seus próprios desafios.
Fonte: Francesco Guerrera e Deborah Ball, WJS