Nível de governança das empresas melhora, mas exigências do mercado ditam as regras
Uma pesquisa inédita realizada pela consultoria KPMG revela que entre 2010 e 2017, a quantidade de empresas que contam com um comitê de auditoria cresceu 32% em um total de 223 empresas avaliadas. Além disso, 73% dessas companhias possuem auditoria interna. Números positivos, mas que causam certa preocupação por refletirem apenas a realidade de companhias integrantes do Novo Mercado ou dos níveis I, II e Básico da B3. Na prática, nem mesmo a listagem em bolsa garante as melhores práticas de governança em sua totalidade.
Essa é a avaliação do professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) e sócio-fundador da Direzione Consultoria, Alexandre Di Miceli. “No geral, as empresas ainda estão muito focadas no curto prazo e as boas práticas ficam sempre para depois, falta priorização desse setor. A preocupação vem quando desejam integrar o Novo Mercado, fazem o mínimo necessário e depois esse tema deixa de merecer atenção”, diz.
Outro dado do estudo indica que a composição dos conselhos também mudou com o passar dos anos: entre 2016 e 2017, a presença de conselheiros externos passou de 41% para 52% no Novo Mercado – o mais alto patamar de governança da B3 – (com 127 empresas listadas) e de 35% para 56% no Nível 2 (com 26 companhias). As participantes possuem ações entre as 50 mais negociadas no segmento Básico.
Parte dessa evolução explica-se pela própria legislação e algumas regulamentações, observa o advogado André Castro Carvalho, sócio do Braga Nascimento e Zilio Advogados. Ele destaca a Lei Anticorrupção, de 2013; o Código Brasileiro de Governança Corporativa e a Lei das Estatais, sancionada no ano passado.
“É um conjunto de regras que obrigam as empresas a seguirem padrões mais rígidos de ética, com processos mais isentos. Com elas, é natural que haja mais adequação e, por consequência, maior valor de mercado”, avalia.
Perspectivas. Para Sidney Ito, sócio-líder da KPMG em consultoria de governança corporativa e riscos, leis maduras trazem uma conscientização inevitável sobre a importância do tema.
“Uma empresa que não se preocupa em desenvolver sua área de governança perde valor de mercado, perde a confiança de seu público e seus investidores. Daqui algum tempo não iremos mais discutir isso porque qualquer empresa listada, por exemplo, estará cumprindo toda e qualquer regra de boas práticas”, aposta.
No entanto, Alexandre Di Miceli, da Direzione Consultoria, acredita que esse momento já passou quando o ambiente empresarial brasileiro é analisado e comparado a outros países vizinhos como Argentina e México.
Fonte: estadao.com.br – nivel-de-governanca-das-empresas-melhora-mas …
Mudanças Comportamentais – Aproveitando a pesquisa e matéria do Estadão, muita coisa ainda precisa ser realizada para que Governança Corporativa seja mais efetiva, geralmente o presidente do conselho determina e os outros conselheiros concordam sem contrapor a decisão por falta de conhecimento e em certos casos por total desconhecimento do assunto, mas se perguntarmos sempre dirão que forma bem assessorados, e tem conselhos de administração que contratam consultores para fornecer parecer das decisões que devem ser tomadas, está errado não, mas o conselheiro deveria ter condições técnicas e profissionais para realizar isso, mas está mudando e vai mudar muito ainda.