Mais enxuto, BC reforma suas diretorias em busca de eficiência
Com o objetivo de aumentar a eficiência, em meio à redução do quadro de funcionários e de aperto fiscal em todo o governo, o Banco Central (BC) concluiu uma ampla reformulação nas suas diretorias responsáveis pela estabilidade do sistema financeiro.
A intenção que cada área da autoridade monetária fique responsável apenas por uma etapa da supervisão, eliminando as sobreposições que existiam anteriormente e ampliando o foco de cada departamento do BC. A redução de gastos também é um fator importante nesse momento, afirma Altamir Lopes, diretor de administração do Banco Central.
“As instituições são dinâmicas e de tempos em tempos é preciso aprimorar a estrutura organizacional, principalmente em momentos de recursos mais escassos em que você precisa de fato otimizar. O ponto principal é a racionalização de recursos.”
Ele cita como exemplo a diretoria de normas, que cuidava da regulação do sistema financeiro, mas sem olhar, por exemplo, para a parte cambial, que estava na diretoria de assuntos internacionais. Com a reestruturação, criou-se uma nova diretoria, chamada de regulação do sistema financeiro (Dinor), que incorporou os departamentos de normas e de câmbio, passando a responder por toda a normatização publicada pelo BC.
“Havia duas áreas que tinham extenso conhecimento sobre normas, mas não havia complementariedade. À medida que juntamos esses processos, ganhamos sinergia”, diz Lopes, sem quantificar esses ganhos.
Outra alteração profunda aconteceu na área de liquidação, que agora fica responsável por toda a organização do sistema financeiro, sob o nome de diretoria de organização do sistema financeiro e controle de operações do crédito rural (Diorf).
A Diorf foi criada para ser responsável por todos os processos administrativos e punitivos relacionados a instituições financeiras, desde o pedido de funcionamento até uma eventual intervenção ou liquidação. A diretoria também será responsável pelos estudos de concentração bancária e de concorrência.
“Buscou-se deixar essas funções sob um mesmo olhar, desde a autorização para uma instituições financeira funcionar até quando essa instituição eventualmente entra em processo de administração temporária, por exemplo”, afirma o diretor.
Os processos administrativos antes estavam a cargo da diretoria de fiscalização (Difis), que agora pode se concentrar apenas no monitoramento do sistema. Caso seja identificado algum problema, a diretoria de fiscalização instaura o processo, mas o repassa à diretoria de organização do sistema financeiro.
Dessa forma, a supervisão bancária ficará a cargo de três diretorias: organização do sistema financeiro, fiscalização e regulação. “Buscou-se estudar os processos de trabalho e eliminar redundância. Havia muita redundância e muito retrabalho.”
Essa opção por um enxugamento dos processos internos do BC está ligada, também, a uma nova realidade da autoridade monetária, de encolhimento do quadro de funcionários. Somente neste ano, mais de 200 pessoas se aposentaram e até 2014 está prevista a saída de quase um terço dos 4,65 mil servidores.
Segundo Lopes, o BC tinha um planejamento para realizar concursos anuais, entre 2008 e 2013, para repor as mais de 1,5 mil aposentadorias esperadas nesse período. A ideia era manter o quadro com 5 mil pessoas. Desde então, no entanto, foi realizado um único concurso. “É com essa perspectiva que temos que trabalhar, de racionalização de recursos. Essa vai ser a nossa realidade”.
Ele garante, no entanto, que mesmo com as aposentadorias as áreas mais críticas não ficarão descobertas, como a fiscalização das instituições financeiras. “Hoje temos mais visibilidade, somos mais, digamos, internacionalizados e isso traz a necessidade de desenvolver mais trabalho, com mais eficiência. Mas a perspectiva é trabalhar com quadro mais enxuto”.
Fonte: Fernando Travaglini, Valor Economico