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Inadimplência: Mutirão de cobrança de dívida vira moda

Na tentativa de melhorar os resultados das negociações de dívida, tão comuns nessa época do ano em que há injeção do 13º salário na economia e oferta de trabalhos temporários, as instituições vêm lançando mão dos chamados mutirões de cobrança. São eventos que reúnem tête-à-tête credor e devedor e que parecem ter se transformado em tendência.

A Credicard faz seu primeiro mutirão de amanhã até sábado na capital paulista e está animada com os resultados que pode vir a obter. “Tivemos um índice de resposta dos devedores consultados de 4%, equivalente a 3 mil pessoas, enquanto o patamar médio de retorno para os contatos ‘normais’, feitos por telefone, é de 1%”, afirma Roberto Javali, superintendente de operações de risco da Credicard. O êxito no número de respostas estaria ligado, segundo ele, ao apelo da negociação cara a cara.

A Boa Vista Serviços, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC), está promovendo a segunda edição do “Acertando suas contas”, mutirão que ocorre no Vale do Anhangabaú, região central de São Paulo, desde segunda até domingo e que pretende atender cerca de 15 mil pessoas com débitos registrados no birô de crédito, quase o dobro dos 8 mil que foram encaminhados para renegociação em 2010.

“As empresas que aderem a esse tipo de iniciativa têm disposição especial para ser flexível em termos de desconto e parcelamento”, observa Fernando Consenza, diretor da Boa Vista. “Não se trata de um ambiente de cobrança, mas de acordo.” Jair Lantaller, presidente do Instituto Geoc, que reúne empresas de cobrança, lembra que a presença de representantes de bancos permite a aprovação de propostas que estariam fora das alçadas “regulares”.

O comerciante João Paulo Torres de Amorim, de 30 anos, acredita que saiu do mutirão da Boa Vista com um bom acerto em mãos. De uma dívida total avaliada em R$ 60,3 mil pelo banco Santander, entre cheque especial e cartão de crédito, conseguiu reduzir o saldo para R$ 44 mil, parcelado em 36 vezes. “Metade do que eu devia era [originado de] cobrança de juro”, diz ele, que teve sua situação financeira agravada ao ficar dois meses sem trabalhar após um acidente.

A disposição das cerca de 2,5 mil pessoas que compareceram ao mutirão da Boa Vista no primeiro dia de evento para colocar as contas em dia pode ser medida pelo tempo médio de espera, de três horas, para sentar e negociar – etapa posterior à triagem, em que é tirado um “extrato” dos débitos e verificado para qual das empresas participantes, entre bancos como Itaú e operadoras de telefonia como a Vivo, direcionar o consumidor. O calor que fazia na segunda-feira era combatido, em parte, por alguns umidificadores espalhados pelas duas tendas armadas para atender ao público, enquanto eram distribuídos pipoca e algodão-doce para aliviar a demora.

Os descontos e condições de pagamento oferecidos pelos credores dependem muito do perfil do tomador e do empréstimo concedido. Dívidas antigas, com quase uma década de aniversário, podem ter desconto de até 90%, diz Javali, da Credicard.

Para atrasos mais recentes, de até 90 dias, especialmente se o financiamento foi concedido sem garantia, praticamente não são oferecidos descontos. “Bancos e varejistas estão buscando, efetivamente, que se pague o valor integral das dívidas novas, aumentando, contudo, o parcelamento”, diz José Roberto Romeu Roque, presidente da Associação Nacional das Empresas de Recuperação de Crédito e Cobrança (Aserc).

Roque conta que, de poucos meses para cá, os bancos vêm pedindo, inclusive, maior dedicação das empresas de cobrança para recuperar esses atrasos recentes, que ainda não entraram para o índice de inadimplência das instituições. “Nunca recebi tanta visita de bancos como agora”, confirma Luis Carlos Bento, proprietário da empresa de cobrança Intervalor. “Mas no caso de veículos, vários mutirões estão sendo organizados Brasil afora para recuperar créditos vencidos há mais de 60 dias.”

Fonte: Aline Lima, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.