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Grande banco dá crédito via fundo

FIDCOs bancos de grande porte começam a testar novas fontes de recursos para conceder empréstimos às empresas. O banco Itaú BBA está lançando um fundo de R$ 500 milhões que vai aplicar em créditos concedidos a companhias. No ano passado, um instrumento semelhante foi usado pelos bancos Credit Suisse e Santander, com R$ 1,4 bilhão.

Até pouco tempo atrás, os chamados fundos de direitos creditórios (FIDCs) eram um instrumento que só vinha sendo usado por bancos de menor porte, que repassam a eles suas carteiras de crédito consignado, de automóveis e, em menor escala, de empréstimos dados a pequenas e médias empresas.

Agora, bancos grandes testam essa forma de concessão de crédito, comprando debêntures, notas promissórias e cédulas de crédito bancário por meio de um fundo de direito creditório.

Uma das vantagens para as instituições é a menor exigência de recursos de seus balanços, já que investidores externos também participam das operações de financiamento às companhias. Na prática, os bancos aumentam seu poder de fogo sem ter de elevar seu capital. “As instituições iniciam uma nova frente de captação de recursos”, diz Jayme Bartling, analista da Fitch, agência de classificação de risco que analisou o fundo do Itaú BBA, dando uma nota ‘B-(bra)’ ao Crédito Multisetorial Privado.

Isso acontece em um momento em que os resultados dos bancos neste começo de ano mostraram que as carteiras de crédito para as empresas estão crescendo a passos largos. No Itaú Unibanco, a carteira de pessoas jurídicas cresceu 23,5% de janeiro a março deste ano ante igual trimestre de 2010. Enquanto isso, os empréstimos para pessoas físicas subiu 18,5%.

Outra vantagem para as instituições ao usar os fundos de recebíveis é que, pelas regras contábeis adotadas atualmente no Brasil, esse é um risco de crédito que fica fora do balanço dos bancos. Esse quadro, porém, vai mudar a partir do ano que vem, quando as instituições serão obrigadas a entregar suas contas de acordo com o padrão contábil internacional.

Dos R$ 500 milhões do fundo do Itaú BBA, R$ 100 milhões serão investidos pelo banco, servindo inclusive para amortecer eventuais inadimplências, por meio da compra da chamada cota subordinada do fundo. O restante será captado entre investidores do mercado de capitais, que ficam com as cotas seniores, aquelas que só vão sofrer com perdas na eventualidade de os R$ 100 milhões colocados pelo banco serem consumidos. A expectativa é que esses investidores tenham uma rentabilidade equivalente à taxa do Depósito Interfinanceiro mais 2,1% ao ano.

O fundo deve financiar entre 20 e 30 empresas, segundo estimativas da Fitch, o que daria algo entre R$ 17 milhões e R$ 25 milhões por crédito com vencimento em 2014. Mais de 40 setores da economia foram selecionados pelo banco para receber os recursos, sendo os principais de indústrias de base, petróleo, logística e transportes, energia, saneamento e comunicações. Nenhum deles, porém, pode ultrapassar 25% do patrimônio do fundo. Todos esses créditos serão gerados por novas operações do Itaú BBA.

Mesmo assim, o fundo não está livre de enfrentar problemas de concentração. “Alguns são similares e poderão ter fortes vínculos em momentos de turbulência econômica e por sua vez gerar uma correlação potencialmente maior entre o desempenho dos créditos”, diz em relatório a Fitch, que considerou esse um ponto fraco da estrutura. O objetivo do fundo é adquirir papéis que tenham uma avaliação de risco mínima de ‘B-(bra)’, porém, a expectativa é que, na média, a nota da carteira fique em ‘BB(bra)’. Para o fundo, a Fitch creditou uma avaliação preliminar de ‘A(bra)’.

Não é sem dificuldades, porém, que os bancos estão experimentando os fundos de direitos creditórios como ferramenta para financiar empresas. Estruturado no ano passado para atingir até R$ 2,9 bilhões, diante de um menor apetite dos investidores, o fundo Crédito Corporativo Brasil, do Credit Suisse e do Santander, ficou em R$ 1,4 bilhão.

Depois da captação, os gestores enfrentaram problemas para investir os recursos em créditos de até seis anos. Em 90 dias, 50% do patrimônio deveria estar alocado em direitos creditórios. Mas esse patamar só foi alcançado 11 meses depois. Hoje, 14 meses depois do lançamento, cerca de 55% do patrimônio do fundo estão investidos em empréstimos para empresas.

Segundo o Valor apurou, um dos entraves que os gestores tiveram foram as amarraras estabelecidas pelo próprio fundo, que só podia comprar créditos com risco acima de ‘brBBB-‘ segundo avaliação da Standard & Poor’s. Como o fundo começou a ser captado em 2009, pouco depois do estouro da crise econômica mundial, os títulos de crédito pagavam a investidores taxas mais altas. E foi nesse cenário que o fundo foi concebido. Porém, com a situação melhorando, as taxas caíram, tornando mais difícil encontrar papéis com boa classificação de risco que gerassem o retorno prometido aos cotistas, de DI mais 1,5% ao ano.

Fonte: Carolina Mandl, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.