FGC não recebeu propostas de compra para o banco Cruzeiro do Sul
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) não recebeu nenhuma proposta para a compra do banco Cruzeiro do Sul na sexta-feira, data marcada para a entrega das ofertas, das 10h às 12h do feriado da Independência. Os documentos tinham de ser entregues em papel, na sede do FGC.
Procurado pela reportagem, o FGC afirmou que não faria comentários sobre o Cruzeiro até quarta-feira (12). Um destino para a instituição, que está sob intervenção do Banco Central desde o dia 4 de junho, precisa ser dado até essa data. Nesse dia, poderá ser fechada a venda do Cruzeiro do Sul para uma outra instituição financeira ou decretada a liquidação do banco.
Para ser vendido, além de encontrar um comprador, o Cruzeiro do Sul precisa passar por um processo de reestruturação de suas dívidas. Os credores têm de aceitar um desconto médio de 49,3% no valor de seus papéis (bônus e Certificados de Depósito Bancário), que serão comprados pelo FGC se credores donos de 90% do valor da dívida aceitarem a oferta. Esse deságio vai zerar o patrimônio líquido do banco, que hoje está negativo em R$ 2,2 bilhões.
Até agora, as tratativas com os credores não alcançaram o percentual mínimo necessário de adesão. Na quarta-feira, venceu o prazo para que os donos dos títulos aceitem vender seus papéis com um deságio menor. O prazo final, porém, para a aceitação da oferta com um desconto maior se encerra só no dia 12.
Na semana passada, uma das saídas avaliadas pelo FGC para viabilizar o plano com os credores era reduzir o percentual de adesão dos investidores.
Essa, porém, não é uma conta fácil, já que implicaria na necessidade de o fundo aportar mais recursos no banco para zerar o patrimônio. Para o plano se tornar viável, o desembolso do FGC para salvar o banco não pode superar as garantias que o fundo deu a investidores do Cruzeiro, uma cifra de R$ 1,9 bilhão. CDBs e Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE) contam com a fiança do FGC até o limite de R$ 70 mil e R$ 20 milhões por aplicador, respectivamente.
Na semana passada, o FGC havia divulgado que seis bancos tinham acessado o “data room” do Cruzeiro do Sul, o que poderia ser um indício do interesse pela instituição especializada em crédito consignado.
Entretanto, concorrentes do Cruzeiro do Sul avaliam que o potencial de atratividade da instituição é reduzido. Isso porque, desde a intervenção, o banco vem perdendo boa parte de seus clientes para outras instituições em processos de renegociação dos empréstimos. Correspondentes bancários, responsáveis pelas vendas de crédito consignado, também têm migrado para a concorrência. Apesar disso, o FGC vem conseguindo fazer a produção mensal do Cruzeiro crescer desde junho.
O que pode despertar o interesse de um comprado são os créditos tributários de cerca de R$ 1 bilhão que o banco tem, conforme documento enviado pelo FGC a credores. Porém, o uso de boa parte desse recurso ainda depende de discussões com as autoridades. Isso porque muitos desses créditos foram gerados a partir de operações supostamente fraudulentas.
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