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Fernando Mendonça confirma atuação com factoring e offshore, mas nega lavagem de dinheiro

Homem_lavando_dinheiroO empresário Fernando Mendonça França confirmou em entrevista que abriu uma empresa offshore em Nevada, nos Estados Unidos da América, no ano de 2005, para fazer “blindagem” em seu patrimônio, mas nega que tomou a iniciativa para lavar dinheiro. Ele foi o maior doador da campanha do senador Pedro Taques (PDT) em 2010 e um dos investigados na Operação Ararath, deflagrada pela Polícia Federal em Mato Grosso no combate a lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e corrupção.

Mendonça também confirma que trabalha no ramo de factoring, por meio da Comércio Regional, e assegurou atuar dentro dos limites legais da compra de crédito. Quanto à offshore, garante que criou a empresa fora do país na tentativa de proteger seu patrimônio de possíveis bloqueios de bens, frutos, por exemplo, de possíveis ações trabalhistas. Isso foi feito sob a orientação da assessoria jurídica da Associação dos Mercados Atacadistas.

“Nós embarcamos nessa onda e resolvemos fazer isso porque todo o patrimônio que tivesse no nome da Global [Participações] não tinha risco de ação trabalhista, não tinha risco de ação fiscal. Essa foi a intenção ao abrir essas empresas. Como o sócio é oculto, não tinha como chegar nessas empresas e ter bloqueio de bens. Era uma blindagem patrimonial”, explicou Mendonça.

Na ocasião, tanto Fernando quanto seu então sócio Leonardo Rodrigues de Mendonça abriram, respectivamente, a Avel Group LLC e a Elany Trading LLC. Como procurador na Elany, Leonardo colocou sua esposa, Raquel Souza Ferreira de Mendonça; e na Avel, Fernando colocou seu primo, Wesley Mendonça Batista. “Se fosse empresa pra fazer rolo, eu não ia envolver o meu primo e nem o Leonardo não ia envolver a mulher dele”, argumenta.

“O único movimento que teve dessas empresas foi o seguinte: para abrir essas empresas, nós mandamos 10 mil dólares, quando fechou a empresa, voltou 10 mil dólares, diminuído um monte de despesas, que é feita na contabilidade. Esses 10 mil dólares são o capital social.”, explica.

Fernando relata que encerrou os trabalhos da offshore ao “perceber” que ela só dava gastos. O empresário apenas mudou a estratégia de blindagem patrimonial. “Constituímos uma empresa no Brasil para ser dona do patrimônio, que é a Global Participação LTDA. e o Leonardo criou a Confiança. A Global, o contrato social dela foi feito em 12 de janeiro de 2006 e os sócios eram a Avel e a Elany [que ainda não haviam sido extintas]. Como aqui no Brasil a legislação exige que tenha duas pessoas para ser sócio de uma empresa limitada, eu peguei a do Leonardo, falei me empresta a sua com 1%.”, lembra.

Em agosto de 2007, a Elany, empresa de Leonardo, foi retirada da participação da Global e o próprio Fernando assumiu 5% das ações, mantendo a Avel com 95%. Com o fechamento das offshores, Fernando passou a assumir 99% da Global Participação e 1% ficou em nome de sua filha, Ariane Mendonça, que até a primeira semana de junho de 2014 era funcionária do gabinete do senador Pedro Taques (PDT), em Brasília.

“A Global é uma empresa que administra patrimônios. Eu tenho uma empresa minha que chama FL que é dona de empresas e não dona de patrimônio. Ela não tem um imóvel, ela só tem ações de outras empresas. Essa é uma outra maneira de você fazer blindagem patrimonial. Na época, a gente deixou de fazer esse modelo aqui [com offshore] pra fazer um modelo diferente. Eu sou dono da FL e ela é que é dona do atacado Mendonça. Eu sou dono dela e ela é proprietária das empresas que eu tenho negócio”, explica.

Alvo da Operação Ararath, Fernando Mendonça sofreu busca e apreensão na sua casa e em suas empresas durante a quarta fase dos trabalhos da PF, em fevereiro de 2014. Na ótica do empresário, pode haver um direcionamento político na operação para atingir diversas autoridades. E ele seria usado para “alcançar” o senador Pedro Taques. Mendonça doou R$ 229,5 mil a Taques durante a campanha de 2010, valor que corresponde a cerca de 20% dos quase R$ 1,120 milhão que o pedetista declarou ter recebido em doações.

O empresário, no entanto, assegura que nada deve e fez um apelo para que a Polícia federal investigue com celeridade essas suspeitas que recaem sobre ele para que sua inocência seja provada. “Quero vir a publico pedir ao delegado Wilson [Rodrigues de Souza Filho] e a procuradora Vanessa [Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani] que, urgentemente, se eles tiverem como investigar esse assunto, que priorizem e que a imprensa cobre deles”, afirmou.

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.