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Demanda aquecida valoriza diretor financeiro voltado aos negócios

Depois de dois anos na cadeira de country chief financial officer (CCFO) da Novartis Brasil, o executivo Victor André Figueira e Oliveira, de 45 anos, ganha uma nova missão. A partir de abril, será o novo CFO regional para a América Latina e Canadá da divisão farmacêutica da empresa. “Um bom profissional da área não deve exercer somente a função de contador ou de controlador de custos, mas gerar recursos que sejam reinvestidos para acelerar o crescimento da organização”, diz Oliveira.

O executivo faz parte de um novo perfil de gestor de finanças que os conselhos das empresas mais procuram hoje. Além de ser o dono do “cofre” das organizações, ele deve conhecer com profundidade a indústria em que opera, os competidores de mercado e, ainda, ser capaz de influenciar seus pares das áreas de produção, logística e comercial por custos mais baixos, na avaliação de novos investimentos e aquisições.

Ao mesmo tempo, o CFO não pode se distanciar das responsabilidades “clássicas” da função, como contabilidade, controladoria, tesouraria, relacionamento com bancos e, em alguns casos, das rotinas de departamentos como tecnologia da informação (TI), recursos humanos, riscos e relações com os investidores. Esse superexecutivo pode trabalhar até 14 horas ao dia.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP) e a consultoria de recursos humanos Search, a remuneração mensal do CFO pode variar de R$ 35 mil a R$ 75 mil, mais bônus de seis a 12 salários mensais. Os executivos brasileiros são os segundos mais bem pagos do mundo, depois dos Estados Unidos, com mais de 40% do total, acumulando rendimentos anuais de R$ 510 mil.

“Em geral, o background acadêmico mais encontrado entre os candidatos inclui áreas como engenharia, administração, economia e contabilidade”, diz Manoel Rebello, sócio da consultoria Heidrick & Struggles do Brasil e porta-voz do Ibef SP. “O CFO deve apresentar habilidades de liderança, saber influenciar e ser um exímio negociador”, diz. “Longa experiência na função também é um quesito necessário para ocupar o posto.”

Oliveira, da Novartis, por exemplo, foi contratado por um headhunter em junho de 2010, e teve toda carreira voltada para o aperfeiçoamento profissional. Graduado em administração de empresas e mestre em finanças corporativas pela London Business School, já havia atuado durante cinco anos como CFO da farmacêutica Janssen-Cilag. Sua trajetória inclui ainda Unilever e Ford, com passagens pelos Estados Unidos, Inglaterra e Argentina.

Além de ganhar experiência em controladoria e tesouraria, o CFO da Novartis adquiriu novas visões de negócio ao exercer cargos regionais e globais, em países e companhias diferentes. Hoje, ele lidera uma equipe de 250 pessoas, de diretores a estagiários, e comanda, além da área financeira, setores como TI e facilities, bem como assuntos ligados a investimentos estratégicos e serviços compartilhados com a área de compras.

Para Oliveira, o CFO deve estar 100% envolvido no negócio da companhia e compreender a fundo o setor em que atua, as nuances do mercado e as oportunidades de novos contratos. “É preciso, constantemente, melhorar a lucratividade, o caixa e influenciar a alocação de recursos que possibilitem projetos de crescimento”, afirma.

Para Rebello, do Ibef SP, o CFO brasileiro está no mesmo patamar de competência dos executivos dos países desenvolvidos. O Brasil sempre foi uma escola de formação para eles. “Era comum profissionais de multinacionais viverem alguns anos aqui para, depois, serem promovidos a CFOs globais”, assinala. “Uma das competências mais importantes era conviver em um cenário com mutações frequentes”, explica. Em vários casos, segundo o especialista, os CFOs “tropicalizados” chegavam até a posição de chief executive officer (CEO).

Além de saber se equilibrar nas ondas do mercado financeiro, o CFO desejado pelas corporações pode assumir a responsabilidade por linhas de crédito e aconselhar o CEO sobre eventuais riscos diante de uma expectativa de subida das taxas de juros. “As organizações querem um executivo que ajude a gerenciar seus pontos fortes e fracos”, afirma Renato Maleckas, sócio da consultoria Search.

Para o consultor, há uma tendência no mercado de centralizar a função financeira em uma só pessoa e que os diretores se reportem a ele. “O CFO deve sair de uma postura passiva de coleta de dados para uma análise de cenários, com simulação de novas situações, e ser capaz de apresentar soluções e impulsionar melhorias, para descobrir onde a empresa está ganhando ou perdendo dinheiro e qual a melhor hora para investir”, afirma.

A empresa de recrutamento Havik preencheu em 2012 seis posições para os mercados de private equity, seguros e indústria. Para a sócia Gabriela Coló, a dificuldade de encontrar o candidato certo depende do volume de requisitos exigidos. O tempo médio de um processo de recrutamento pode variar de 45 a 90 dias. “Algumas companhias querem profissionais com fluência em inglês, espanhol ou outro idioma, além de experiência específica nos setores de atuação, como participação ativa em IPOs (aberturas de capital), ações de fusão e aquisição”, explica.

É o caso de Francisco Gomes, vice-presidente executivo financeiro, corporativo e de relações com investidores da Cetip, integradora do mercado de finanças que oferece serviços de negociação e liquidação de ativos. Antes da contratação, o executivo trabalhou 11 anos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde participou do IPO da entidade e do processo de fusão com a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

Na Cetip desde 2009, ele acompanha o planejamento financeiro, a gestão dos recursos humanos e de materiais da companhia. Lidera quatro colaboradores diretos, numa área com cerca de 100 funcionários. “É preciso ser capaz de suportar a pressão competitiva, identificar ‘gaps’ de desempenho e oportunidades.”

Gabriela, da Havik, observa que as companhias também querem candidatos atuantes na gestão de pessoas, especialmente na formação de gestores para as áreas que ficam sob o guarda-chuva do CFO. Além dos salários e bônus, a especialista afirma que algumas organizações também oferecem automóveis e “stock options” (opções de compra de ações). A prática ajuda a manter aquecido o mercado de contratações para 2013.

Um levantamento feito pela Fesa, cuja atividade de recrutamento de executivos engloba a América Latina, constatou uma demanda maior para o mercado financeiro, nas áreas de asset e private banking, em 2012. Somente no último trimestre do ano passado, houve um aumento recorde: 120% a mais do que no mesmo período de 2011.

Para Patrícia Gibin, diretora da Fesa, todas as empresas contratam CFOs, mas os fundos de private equity chamam esse profissional em quase todas as operações em que atuam. “Também tem sido comum a transição de currículos dos bancos para outras corporações.”

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.