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‘Exclusividade’ persiste em vale-refeição

A unidade de uma grande franquia de café deixou recentemente de dar 10% de desconto para os funcionários de uma empresa com quem mantinha convênio por causa de um impasse no mercado de cartões. Os funcionários recebem o vale-refeição com cartões da Ticket, que eram capturados até alguns meses atrás nas “maquininhas” da Redecard e da Cielo. Como a máquina desta última também passa os cartões Visa Vale (emitidos pela CBSS, agora chamada de Alelo), o lojista tinha apenas a máquina da Cielo no balcão.

Recentemente, porém, a Ticket encerrou o contrato com a Cielo e seus cartões voltaram a passar só nas máquinas da Redecard, como ocorria até meados de 2010. Com isso, o franqueado teve que contratar os serviços da Redecard para não perder vendas, o que aumentou os seus custos. Resumo da história: cortou o desconto para as pessoas que pagam o cafezinho com os cartões da Ticket.

Esse caso retrata o cenário atual de um dos segmentos que escaparam da abertura do mercado de cartões em 2010, o de vale-alimentação e refeição. Também chamado de “voucher”, ele vive hoje sua própria versão do monopólio entre bandeiras e credenciadoras, as responsáveis pela captura de transações eletrônicas no varejo.

Na onda do fim dos acordos de exclusividade das grandes bandeiras de cartões, a Ticket fechou contrato com a Cielo em 2010. Há alguns meses, porém, a Ticket suspendeu o acordo, pois essa foi uma das condições que o Itaú Unibanco, controlador da Redecard, impôs para migrar a base de cartões vale-refeição que oferece aos funcionários da francesa Sodexo para a Ticket, segundo apurou o Valor.

O Itaú tem cerca de 92 mil funcionários. E desde novembro de 2011, também é parceiro da Ticket e da bandeira MasterCard no segmento de cartões para pagamento de frete rodoviário.

Procuradas pelas reportagem, tanto a Ticket quanto a Redecard negam que tenham assinado um contrato de exclusividade de captura. Fontes próximas da Cielo confirmam o fim do contrato com a Ticket desde março, por iniciativa da empresa de vale-alimentação.

A exclusividade, ainda que não formalizada, tem tudo para desagradar o regulador. O mercado de vale-refeição foi um dos exemplos citados pelo Banco Central (BC), Secretaria de Direito Econômico (SDE) e Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), em carta enviada no ano passado à Abecs, associação do setor, cobrando a abertura total do mercado.

A aliança entre Ticket e Redecard remonta ao período anterior à abertura do mercado de cartões, em julho de 2010. Na ocasião, quebrou-se a exclusividade entre a bandeira Visa e a credenciadora Cielo e, consequentemente, da MasterCard com a Redecard. Foi nessa época que a Ticket fechou acordo para ser aceita na rede da Cielo. Os cartões emitidos pela Alelo, que tem como acionistas o Bradesco e Banco do Brasil (mesma dobradinha no controle da Cielo) são capturados somente pela rede da Cielo.

Nesta queda de braço, comenta-se que o Santander faz pressão para que os acionistas da Alelo permitam que os cartões emitidos pela empresa passem também nas “maquininhas” do Santander, que tem o serviço de credenciamento em parceria com a GetNet. O banco espanhol, inclusive, oferece aos funcionários o vale-refeição da Visa Vale e isso pode ser usado como moeda de troca. O fato de o Santander ter sido acionista da CBSS (agora Alelo) até 2010 e ainda gerar negócios para a empresa também está em jogo. Procurados, Santander e Alelo não se pronunciaram.

Não existe um ranking sobre o mercado de “vouchers”, tampouco as empresas do segmento divulgam o tamanho de suas bases de cartões. Estimativas feitas por executivos do mercado indicam que o segmento movimenta cerca de R$ 40 bilhões por ano e é disputado por mais de 200 empresas. Ele é dominado, porém, por apenas três: Alelo, Ticket e Sodexo.

A Sodexo tem credenciamento de estabelecimentos comerciais e captura de transações própria. Em 2011, a Alelo registou receita de R$ 666 milhões, a Ticket de R$ 661 milhões e a Sodexo de R$ 674 milhões, segundo os balanços das empresas. Juntas, elas têm mais de 20 milhões de cartões emitidos, estima um executivo do mercado.

“As receitas com vale-alimentação representam fatia de um dígito no faturamento das credenciadoras”, afirma um executivo de uma empresa de cartões. Apesar disso, ele explica que o voucher tem importância estratégica para essas empresas. “Onde a maquininha é mais vista? É no restaurante. Esse é um reconhecimento de marca importante”, explica. Nas operações de vale-alimentação, as credenciadoras são remuneradas com uma taxa fixa apenas pelo transporte de dados, que independe do volume de transações.”

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.