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EUA tentam fechar o cerco a empréstimos alavancados

Daniel Acker/Bloomberg / Daniel Acker/BloombergOs bancos de Wall Street estão brincando de gato e rato com as autoridades reguladoras dos Estados Unidos, no que diz respeito às regras que buscam reduzir os empréstimos para negócios que endividam demais as companhias, enquanto tentam manter as empresas lucrativas e atender as exigências dos clientes e investidores.

Empréstimos alavancados são uma das formas mais lucrativas de empréstimo para os bancos, o que dá a Wall Street um incentivo para acomodar os tomadores da melhor maneira possível. As taxas dos bancos sobre os empréstimos com classificação “junk” estão em US$ 4,9 bilhões no ano, até agora, um recorde e 10% acima do número do mesmo período do ano passado, segundo dados da Thomson Reuters e da Freeman Consulting.

As diretrizes, emitidas pelo Federal Reserve (Fed), pela Controladoria da Moeda e pelo Seguro de Depósito Bancário Federal (FDIC, na sigla em inglês) em março do ano passado, tentam restringir a concessão de empréstimos pelos bancos em negócios com aquisições alavancadas, que deixam uma empresa com um nível de endividamento mais de seis vezes superior ao seu fluxo de caixa anual. Desde que as diretrizes foram emitidas, as autoridades reguladoras vêm alertando que os padrões de empréstimos se deterioraram.

Como resultado, os bancos estão tentando descobrir se podem arranjar novas formas de as empresas que não poderiam contrair mais empréstimos sob as novas diretrizes emitirem dívidas (bônus), segundo fontes de bancos. Esses títulos de dívida ajudariam a dividir a carga geral de endividamento entre uma companhia holding e sua subsidiária operacional.

“Há muita gente esperta e criativa por aí tentando encontrar meios para atender a demanda dos tomadores e investidores, e ao mesmo tempo satisfazer as autoridades reguladoras”, diz David Brittenham, chefe da firma de advocacia Debevoise & Plimpton. Bancos como J.P. Morgan, Bank of America e Credit Suisse possuem grandes negócios de finanças alavancadas.

Os empréstimos também são importantes para firmas especializadas em aquisições, como a KKR e a Apollo Global Management, que sempre usam endividamento para aumentar seus retornos. Essas firmas vêm alertando em documentos encaminhados às autoridades reguladoras que as diretrizes poderão corroer os retornos de suas operações de private equity.

Uma ilustração do efeito das diretrizes ocorreu no mês passado, quando alguns bancos desprezaram um pedido de empréstimo para aquisição da KKR, temendo ser ele muito arriscado para ser aprovado pelos reguladores.

As autoridades, que agora estão analisando as carteiras de empréstimos dos bancos para avaliar sua qualidade de crédito e enquadramento nas diretrizes, não quiseram comentar as estratégias alternativas dos bancos.

Uma fonte familiarizada com o pensamento da Controladoria da Moeda disse que a agência deverá combater estratégias como o uso de títulos de dívida (bônus) de companhias holdings, que ela acredita terem o objetivo de contornar as diretrizes e que poderiam levar a multas para os bancos. O retorno que os bancos estão tendo das autoridades reguladoras em relação à ideia tem sido negativo, segundo fontes.

As deliberações mostram os desafios que as autoridades enfrentam para implementar as reformas financeiras e amenizar os efeitos colaterais da política do Fed de seis anos de dinheiro barato após a crise financeira. Ao mirar as companhias mais endividadas, as autoridades estão tentando reduzir os riscos para o sistema bancário e também para a economia.

Talvez o exemplo mais impopular dessa era seja a maior aquisição alavancada da história, da companhia de energia do Texas Energy Future Holdings, em 2007, de US$ 48 bilhões. A dívida de US$ 40 bilhões do negócio era igual a 8,2 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida). A Energy Future pediu concordata este ano. Para os investidores, os junk bonds têm sido uma maneira de se obter retornos num período em que as taxas de juros se encontram em um patamar recorde de baixa.

Os bancos ainda estão tentando descobrir quantos negócios que não se enquadram nas diretrizes eles poderão fazer, segundo fontes. As autoridades reguladoras já disseram aos bancos que esses negócios serão raros, mas não está claro o que isso significa. Ainda segundo as fontes, a concessão para um determinado número de negócios também tornará difícil montar um sindicato para financiamentos fora de conformidade.

Esses desafios tornam a possibilidade de se buscar alternativas ainda mais atraentes para os bancos. A ideia contemplada tira proveito da divisão legal de uma companhia entre uma parte operacional, que controla os ativos físicos e toca as operações do dia-a-dia, e uma holding, que controla o capital da empresa operacional.

Geralmente as empresas tomam empréstimos no âmbito da companhia operacional. Como os empréstimos podem ser garantidos por ativos da companhia, eles são mais baratos do que outras opções. Elas também podem tomar crédito por meio da holding via emissão de bônus. Os pagamentos desses títulos são feitos com o dinheiro que “sobra” após o cumprimento das obrigações da companhia operacional, tornando-os maios arriscados que os empréstimos da companhia operacional.

Muitos bônus de holdings são estruturados como notas de pagamento em espécie (PIK, na sigla em inglês), uma proposta ainda mais arriscada. Esses bônus são caros para o emissor e os riscos envolvidos limita o universo de investidores, mas o mercado vem crescendo na medida em que investidores buscam rendimentos mais altos.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.