EUA provocam “efeito dominó” contra a Odebrecht
A divulgação de documentos pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) que detalham o pagamento de propinas pela Odebrecht em 11 países, além do Brasil, provocou uma espécie de “efeito dominó” de sanções contra a empreiteira.
Segundo as autoridades americanas, a construtora brasileira pagou US$ 788 milhões em propinas para representantes de governos em troca de contratos que lhe renderam lucro estimado em US$ 2,6 bilhões.
Segundo pessoas próximas à empresa, as obras no exterior são consideradas um trunfo de curto prazo, uma vez que os contratos estão assinados e a maioria dos financiamentos, liberada. Garantem geração de caixa, enquanto o grupo ganha tempo para se organizar no Brasil, onde a situação é mais frágil.
As reações internacionais, porém, reforçam uma divisão interna sobre o futuro da Odebrecht. Alguns executivos temem pelo risco de insolvência se os negócios encolherem no exterior.
A dívida do grupo beira R$ 100 bilhões. A maioria, porém, descarta o risco de um “efeito dominó” com perdas fatais, porque cada país vive uma realidade e há espaço para negociação com as autoridades locais.
Na avaliação desses, o grupo sobrevive, ainda que menor. Pode vender ativos e conta com o apoio dos bancos, que esperam receber de volta os financiamentos que concederam.
Procurada, a Odebrecht disse em nota que reafirma seu compromisso de colaborar com a Justiça. “A empresa está implantando as melhores práticas de compliance, baseadas na ética, transparência e integridade.”
Reação
Após a publicação dos documentos pelo EUA, oito países anunciaram que iriam investigar o grupo: México, Peru, Equador, Argentina, Colômbia, Guatemala, República Dominicana e Panamá. Na sequência, vieram sanções concretas.
O Equador é o terceiro país a adotar medidas oficiais contra a empresa. Na terça-feira da semana passada, o Panamá anunciou que a empresa não poderia participar de novas licitações.
No país, a Odebrecht teria pago US$ 59 milhões em propina. Na quarta, foi a vez de o Peru comunicar que a empresa brasileira ficava impedida de entrar em novas licitações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: http://exame.abril.com.br/negocios/eua-provocam-efeito-domino-contra-a-odebrecht/