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Entrevista para o Jornal O Globo: A importância da gestão de risco nas organizações

Materia do Jornal o Globo de 12/07/2017

Gestão de risco é essencial para garantir segurança nas empresas

No contexto empresarial, o risco faz parte de toda atividade. Em muitos casos, ele pode ser previsto com base na experiência e no gerenciamento de processos que devem ajudar na tomada de decisões lá na frente.

A palavra “risco” é popularmente associada à possibilidade de algo não dar certo. Mas o conceito atual a relaciona a um evento futuro que pode ser identificado e ao qual é possível associar uma probabilidade de ocorrência. Ele diz respeito tanto às perdas como aos ganhos, com relação ao rumo dos acontecimentos planejados.

— Antigamente, o conceito era vinculado à consequência de algo possível de acontecer. Hoje falamos que o risco é a incerteza de uma empresa rea lizar seus objetivos. O que nem sempre significa uma perda ou algo ruim. O fato é que ele está em todo lugar. Não existe risco zero — diz Fernando Marinho, consultor e vice-presidente da Associação Internacional de Gestores de Emergência na América Latina e Caribe (AIGELAC).

Por muitos anos, a estratégia de riscos esteve ligada à ideia de prevenção de desastres naturais. Mas foi a partir dos anos 1990 que as empresas ampliaram o seu entendimento sobre ameaças corporativas. Com a globalização, o ambiente de negócios se tornou mais dinâmico e competitivo. Governos criaram regras mais rigorosas para equilibrar o funcionamento do mercado e a sociedade começou a exigir maior transparência das informações e responsabilidade das companhias. A gestão de riscos passou a ser vista como algo que gera benefícios como a melhoria de processos, a otimização de recursos e o fortalecimento da reputação.

— Toda atividade tem chances de falhar e o erro pode custar caro. Prevenir é melhor que ser surpreendido. A gestão de riscos atua no progresso contínuo de um produto ou serviço. De forma geral, a qualidade passa a ser obrigatória e a empresa começa a buscar propostas de valor para aumentar o seu ganho. A gestão do risco aparece como forma de blindar perdas financeiras e danos à imagem — avalia Marinho.

Com um escopo tão grande de possibilidades, quem monitora todos esses detalhes? O profissional de gestão de riscos é responsável por identificar as incertezas, medir sua probabilidade e seus possíveis impactos, estabelecer como ele será tratado e as formas de reduzir o seu efeito. Ele avalia toda inconformidade com os objetivos traçados pela empresa, provocada por fatores internos ou externos.

O que não pode ser medido, não pode ser controlado

Segundo especialistas, depois de mapear os potenciais incidentes e fragilidades existentes, o segundo passo é definir indicadores para cada área ou operação. Eles serão referências para analisar as atividades e entender se elas estão gerando resultado ou não. Essas métricas avaliam todo o processo: o que precisa monitorar, o que está sendo monitorado e o que pode mudar lá na frente. Elas são as ferramentas para basear qualquer decisão futura. Para Marinho, uma vez iniciado o programa de risco, o acompanhamento deve ser constante.

— Ao monitorar todos os incidentes, é possível fazer a priorização adequada de acordo com o nível crítico (prioridade alta ou baixa). À medida que o tempo passa e os indicadores vão se estabilizando, você está com um processo maduro. Então o gerenciamento se torna parte natural do processo — completa.

A gestão de riscos não atua apenas no incidente propriamente dito. É parte da função avaliar qual foi o nível de problema trazido, como e quais pessoas e departamentos foram impactados e que tipo de plano de ação pode ser estudado para evitar sua reincidência.

E quem deve ser responsável por esse gerenciamento? Para Marcos Assi, CEO da Massi Consultoria e Treinamento, a função deve ser responsabilidade de quem está na linha de frente do negócio.

— Administrar os riscos e conhecê-los está ligado às decisões importantes que serão tomadas na empresa. É tão importante quanto qualquer estratégia. Se os gestores não estão preparados, como a empresa vai reagir em um momento de crise?

Barreiras culturais e planejamento

Embora a prevenção prepare as organizações para momentos de instabilidade, os especialistas ainda notam certa resistência em sua implantação no dia a dia. Para Assi, a falta de uma cultura de planejamento no Brasil ainda é uma barreira a ser vencida.

— Historicamente, o brasileiro tem a característica de ser corretivo em vez de preventivo. Quando algo acontece, ele apaga a emergência, mas não pensa que pode acontecer de novo.

Para o consultor, estabelecer processos, fazer o mapeamento e ter normas são as principais questões para uma gestão de riscos bem-sucedida. Mas não basta ter bons processos, é necessário a plena integração deles.

— O que ocorre muitas vezes nas empresas é que cada profissional dá a sua interpretação à forma de lidar com o risco. E quando não existe sintonia, a organização fica exposta pelo fato de não ter procedimentos e padrões que devem ser seguidos por todos.

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.