Empresas tentam reduzir endividamento excessivo
A fixação dos analistas de ações pelo resultado operacional das companhias muitas vezes deixa escapar o impacto que as despesas financeiras têm no lucro e, principalmente, no pagamento de dividendos aos acionistas. O peso da dívida poder ser muito relevante. Em levantamento baseado em dados da Economatica, o Valor identificou pelo menos sete casos de grandes empresas em que o lucro operacional desaparece após o reconhecimento do serviço da dívida.
Juntas, Marfrig, Minerva, JBS, B2W, Globex, Triunfo e Rede Energia tiveram lucro antes de impostos e resultado financeiro (Ebit, na sigla em inglês) de R$ 3,59 bilhões de janeiro a setembro de 2011. Mas o resultado financeiro líquido desse grupo foi negativo em R$ 5,17 bilhões. Em outras palavras, os credores ficaram com todo o resultado operacional gerado pelos ativos das companhias até setembro. Só a Minerva apresentou saldo positivo na última linha do balanço no período.
Não existe uma regra de bolso que determine qual o limite de comprometimento do lucro operacional com as despesas financeiras líquidas. Mas certamente não é normal que essa relação supere 100% de forma consistente.
A empresa de alimentos JBS, por exemplo, acaba de concluir processo de reestruturação de dívida por meio do qual pretende economizar cerca de R$ 350 milhões anuais em pagamento de juros. Além da JBS, que transferiu as dívidas da holding brasileira para a controlada americana, outras empresas do grupo também estão tomando ações para tratar da questão. A Marfrig vendeu operações de logística recentemente e trocou ativos com a BRF – Brasil Foods. A Rede Energia está em negociação para venda.
Minerva, B2W, Globex e Triunfo disseram que consideram sua estrutura de capital adequada e confiam na melhora gradual dos resultados operacionais. No caso da Triunfo, o diretor financeiro, Sandro Antônio de Lima, disse que não vê problema nos resultados atuais porque a empresa “está desde 2007 em um forte ciclo de investimentos” e a dívida tem perfil de longo prazo.
Fonte: Fernando Torres, Valor Economico