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Dólar a R$1? Não adianta chorar…

100 dolaresPor mais longe que pareça a queda do dólar para R$ 1 – faltam ainda 37% –, a moeda norte-americana segue em queda livre no mundo todo. No Brasil, o dólar já é negociado abaixo da cotação do mercado à vista, em torno de R$ 1,59, nos novos contratos de exportação. “Até março, empresas do setor calçadista ainda negociavam o dólar a R$ 1,60”, diz José Augusto Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Agora, já trabalham com o valor de R$ 1,50 para as entregas que serão feitas nos próximo meses.”

Apesar de ser uma queixa recorrente dos empresários – tal qual o justo chororô contra juros e tributos elevados –, a maior apreciação do real em 2011 é admitida como um fator inexorável, fruto da conjuntura global. A tática adotada pelos gestores de negócios mais pragmáticos é a seguinte: “Se não pode com ela, junte-se a ela.”

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O investimento em design e no reposicionamento da marca foi a aposta da empresa gaúcha, uma das cinco maiores fabricantes de calçados femininos do País, para ampliar as vendas no Exterior. No ano passado, elas representaram 31,2% dos oito milhões de pares produzidos. Os calçados da Picadilly são enviados para 80 países, quatro vezes mais do que em 2004.

Segundo a Abicalçados, este ano as empresas exportadoras do setor elevaram o preço médio dos calçados em 27,2%. Porém, as vendas para o Exterior caíram 15,8% e o total de pares embarcados diminuiu 33,8%. “Nossos custos aumentam, porque são em reais e temos inflação, mas o consumidor lá fora não aceita pagar mais”, diz Micheline. Nessas horas, quem tem marcas mais fortes e produtos com maior qualidade tende a se sair melhor.

A estratégia de agregar valor aos produtos para driblar parte dos efeitos do dólar é inteligente, mas tem suas restrições. A pauta de exportações brasileira ainda é prioritariamente baseada em commodities e derivados, que dão pouca ou nenhuma margem de manobra para ganhos de margem. No campo das empresas que exportam produtos industrializados, a busca por uma maior competitividade segue sendo um movimento pontual, de quem consegue atuar em nichos, avalia Fernando Ribeiro, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).

Enquanto essa política não chega, o jeito é se adaptar à tendência de queda do dólar, que desde 2009 passou a ser negociado abaixo de R$ 2. A questão agora é tentar entender se o valor atual, abaixo de R$ 1,60, é o piso para uma espécie de ponto de virada, em que o real começaria a se depreciar, ou se há um poço ainda mais fundo. Para o economista Darwin Dib, do Itaú Unibanco, a tendência para este ano é o dólar se manter em R$ 1,60 e, no final do ano, subir quando os Estados Unidos aumentarem os juros.

Já o professor Fabio Kanczuk, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, acredita que o quadro tende a piorar um pouco para o exportador de manufaturados. “Só depois dessa indústria sangrar o mercado se autoconserta para assumir uma tendência de alta”, afirma.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, patrono da política de R$ 1 por US$ 1 no início do Plano Real, não acredita numa retomada da moeda no longo prazo. “Nos próximos anos vamos ver números menores do que R$ 1,55, assim como veremos o Brasil ascender na escala de ‘ratings’ de risco soberano”, disse ele à DINHEIRO. Vivemos um círculo virtuoso: quanto melhor a nota de crédito do Brasil, mais baratas ficam as captações de dinheiro lá fora e, portanto, maior é a enxurrada de investimentos para o Brasil, o que ajuda a valorizar o real.

Para amenizar a situação dos exportadores, o governo não permite a flutuação livre da taxa de câmbio e intervém cotidianamente no mercado, reduzindo a volatilidade da taxa. Recentes medidas, como a elevação do IOF para o capital estrangeiro, não seguraram a tendência de valorização do real e evidenciaram os limites dessa política. Para o bilionário húngaro-americano George Soros, o mais bem-sucedido especulador cambial do século passado, os controles de capital são uma espécie de mal necessário. “Os controles que o Brasil impõe são apropriados na atual situação, mas não são a solução ótima”, afirmou Soros, na semana passada. “Podem dar margem a abusos, truques e vários tipos de evasão.”

Fonte: Carla Jimenez e Denize Bacoccina, Istoé Dinheiro

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.