Documentário sobre a fraude de Madoff é lançado nos EUA
Em cinco minutos, Harry Markopolos diz que percebeu como Bernard Madoff fazia os números dançar nos relatórios de seu fundo de investimentos. Mas nove anos de sua vida tentando provar a fraude não foram suficientes para colocá-lo atrás das grades.
De todas as vítimas do maior desfalque da história de Wall Street, Markopolos tem a história mais singular, foco de um documentário lançando semana passada nos EUA (sem previsão de estreia no Brasil).
Americano de origem grega, ele trabalhava numa firma de investimentos em Boston quando começou a estudar o “sucesso” do fundo de Madoff. Por quase uma década, continuou investigando, fez viagens a Europa para traçar suas conexões e o denunciou diversas vezes a SEC (Securities and Exchange Comission, a CVM norte-americana) e a jornais.
Mas nada adiantou. O filme não explica quais forças malignas além da incompetência alheia agiam contra Markopolos, apenas sua espiral de paranóia e desespero.
Ele se casa, tem gêmeos e muda de emprego durante os anos de perseguição, além de praticar tiro, andar armado mesmo nas férias e checar o carro todo dia em busca de explosivos. “Se Madoff aparecesse para me matar, eu estava preparado para atirar primeiro”, ele diz, dramático, ainda que não haja provas de que tenha sido ameaçado.
Quando a crise de 2008 leva o esquema fraudulento água abaixo, Madoff se entrega sozinho e é sentenciado a 150 anos de prisão. Markopolos, finalmente, é alçado a herói. Mas o investigador só fica ainda mais deprimido. Chora ao ganhar um prêmio em Las Vegas, culpado. “Eu me sinto uma fraude”, ele diz para a câmera. “Eu não salvei ninguém.”
Fonte: Jornal de Floripa