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Discretamente, o governo dá o pontapé inicial na privatização de ativos da Petrobras.

Um dos mais retumbantes fiascos da política energética do governo da presidente Dilma Rousseff, o leilão das reservas de petróleo do campo de Libra, no final de 2013, acabou com apenas uma proposta, a do consórcio formado pela própria Petrobras. O desinteresse dos investidores internacionais naquilo que o governo oferecia como uma espécie de baú do tesouro se explicava por uma razão principal: a grande maioria não queria ser sócia do governo. O excesso de interferência do Palácio do Planalto, o controle dos preços dos combustíveis e a imprevisibilidade na gestão da estatal espantavam potenciais parceiros na exploração do pré-sal.

O cenário, no entanto, deve começar a mudar. Na segunda-feira 25, o conselho de administração da companhia, seguindo a recomendação do presidente Michel Temer, alterou as regras para venda de parte da BR Distribuidora, líder em postos de combustíveis no País, com sete mil pontos de venda e participação de 19,7%. O modelo que previa que o novo sócio poderia deter até 49% do capital, e 51% continuaria com a Petrobras, foi invertido. “A proposta anterior era inaceitável.

Nenhuma empresa séria aceitaria ser sócia minoritária do governo e de uma empresa que está envolvida em escândalos de corrupção e que é usada como ferramenta de políticas populistas”, disse à DINHEIRO o americano Hudson Andabi, consultor de energia ligado à petrolífera ConocoPhillips. “Colocar dinheiro em empresas como a Petrobras sempre inclui grandes riscos. Pergunte aos investidores que compraram ações da companhia há quatro ou cinco anos.” O problema, agora, será convencer potenciais sócios de que a Petrobras – mais especificamente a BR Distribuidora – é um investimento seguro.

A estatal afirmou ter recebido três propostas, mas nenhuma agradou. Há, evidentemente, um descompasso entre o que a Petrobras acredita que a BR Distribuidora custa e o que o mercado calcula que ela valha. De concreto, nos últimos dias, foram as vendas da Petrobras Argentina para uma empresa local, por US$ 897 milhões, e de 100% da Petrobras Chile, por US$ 464 milhões, para o fundo de private equity Southern Cross Group. O presidente da estatal, Pedro Parente, garante que o plano é atingir US$ 15 bilhões em vendas de ativos e desinvestimentos entre 2015 e 2016.

Embora não tenha revelado o nome das empresas interessadas da BR Distribuidora e nem as cifras envolvidas, especula-se que a francesa Total tenha elaborado uma das ofertas. Em recente entrevista à DINHEIRO, o presidente da companhia no País, Olivier Bellion, admitiu o interesse em entrar no mercado de postos de combustíveis do Brasil, mesmo após ter desistido da compra da rede Ale. “Há anos estamos interessados no mercado brasileiro, mas comprar uma rede de postos com menos de 1,5 mil postos não vale a pena”, disse Bellion.

Em tese, as concorrentes diretas dos postos BR, o Grupo Ultra (dona dos postos Ipiranga) e a Raízen (controladora dos postos Shell), estariam no páreo. Mas não é bem assim. A Ipiranga, vice-líder no varejo nacional de combustíveis, adquiriu no mês passado a rede Ale, a quarta colocada no ranking. Já a Shell, na terceira posição, também está em um processo de venda de ativos em todo o mundo para cobrir o gasto de US$ 54 bilhões na compra da British Gas (BG), em fevereiro. Outros potenciais sócios dos postos BR são as chinesas CNPC e CNOOC, parceiras da Petrobras na exploração em diversos campos do pré-sal.

Em recente entrevista à revista de negócios chinesa Caijing, o vice-presidente da CNPC, Wang Guoliang, afirmou que a América Latina, em especial o Brasil, é um mercado prioritário para os investimentos da companhia. “Acreditamos que surgirão boas oportunidades de compra entre 2016 e 2017, visto que a desvalorização de muitas moedas frente ao dólar tornou mais barato alguns ativos que são interessantes para nós.” O timing do executivo chinês está em sintonia com as planos do presidente da Petrobras. Após reunião com Temer em Brasília, Pedro Parente afirmou que as eventuais propostas pela BR Distribuidora serão recebidas e analisadas até novembro ou dezembro.

“O fechamento dessa transação se dará no primeiro trimestre do ano que vem, possivelmente. Dependendo de quem for o vencedor, muito provavelmente haverá questões relacionadas a discussões de natureza regulatória”, afirmou Parente. “Se for alguém que já é um player do mercado, certamente isso vai merecer por parte do Cade uma atenção maior”, disse. A julgar pelo tom confiante de Parente, o governo está seguro de que encontrar um sócio para a BR não será missão impossível.

Fonte:http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20160729/procura-se-socio-para-postos/398300

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.