Dilma quer medidas para baratear empréstimo
Por determinação da presidente Dilma, a equipe econômica prepara medidas para auxiliar o Banco Central a reduzir o custo dos empréstimos no país para empresas e consumidores.
Na mesa estão desde propostas de redução de tributos que incidem sobre a intermediação financeira até o uso dos bancos oficiais, Banco do Brasil e Caixa, para tentar forçar a concorrência a conceder crédito mais barato.
A estratégia é tentar fortalecer a política monetária, reforçando o papel da taxa de juros como principal instrumento de estímulo à retomada do crescimento.
A presidente decidiu orientar sua equipe a retomar os estudos para redução dos custos dos empréstimos a fim de garantir um crescimento na casa dos 4% em 2012.
Ela disse a assessores que tomará todas as medidas necessárias para assegurar uma expansão superior à de 2011, seu primeiro ano de mandato, quando o PIB deve ter crescido abaixo de 3%.
No diagnóstico do governo, o BC vem fazendo a sua parte ao diminuir a taxa Selic. No entanto, sabe-se que há limites para essa queda.
Além disso, há um grande espaço entre a Selic, hoje em 10,5% ao ano, e os juros cobrados dos consumidores.
A Selic é a taxa de referência para as operações feitas entre os bancos e o governo.
Já para os trabalhadores, que compram a prazo, a taxa do Banco Central é o piso dos juros. A partir daí são acrescidos custos como carga de impostos, peso da inadimplência, despesas administrativas e lucro dos bancos. Tudo isso compõe o chamado “spread” bancário.
Como esse “spread” no Brasil é elevado, as reduções na Selic anunciadas pelo BC chegam à ponta do consumo de forma lenta e diluída.
No caso do crédito às pessoas físicas, por exemplo, há uma diferença de 33,7 pontos percentuais entre o valor que o banco paga para captar o dinheiro no mercado e o que ele cobra para emprestar à sua clientela.
Segundo técnicos da área econômica, há espaço para agir e reduzir esse “spread”.
Isso deve ser feito no curto prazo para fazer que os movimentos de redução dos juros do BC sejam acompanhados quase que simultaneamente pelos bancos públicos e privados e tenham impacto mais imediato sobre o ritmo da economia brasileira.
HISTÓRICO
Os bancos públicos já foram usados com sucesso pelo governo para ajudar na retomada do crédito na crise econômica de 2009. Por isso, Dilma determinou que eles sejam acionados novamente.
BB e Caixa finalizam medidas e produtos para reduzir o custo de seus empréstimos.
Já os estudos de medidas mais estruturais ainda estão em fase de estudo, como a redução de tributos que pesam nos custos dos empréstimos.
Fonte: SHEILA D’AMORIM e VALDO CRUZ, Folha de S.Paulo