Detido na Itália, ex-UBS pode ser extraditado para os EUA
Um ex-executivo de alto escalão do banco suíço UBS foi preso na Itália e poderá ser extraditado para os Estados Unidos, onde é procurado por supostamente ajudar americanos ricos a se esquivarem de recolher impostos. Raoul Weil, cidadão suíço e ex-diretor de gestão mundial de grandes fortunas no UBS, foi preso na cidade italiana de Bolonha no sábado, informou a polícia ontem.
Weil permanecerá detido na Itália até que o Ministério da Justiça decida se o extraditará para os EUA, informaram a polícia e fontes judiciárias locais. Ele não poderá ser solto mediante fiança, disseram as fontes. Weil foi acusado nos EUA, em novembro de 2008, por conspirar para ajudar 17 mil americanos a ocultar ativos num total de US$ 20 bilhões em contas bancárias na Suíça e foi declarado foragido alguns meses mais tarde, por não ter se apresentado às autoridades.
Em 2009, o UBS, maior gestor de fortunas no mundo em volume de ativos, foi multado em US$ 780 milhões e concordou em entregar os nomes dos clientes americanos com contas secretas em bancos suíços para não ser acusado criminalmente. O acordo com os EUA foi uma ruptura histórica com a tradição de sigilo bancário da Suíça. O Reuss Private Group, gestora suíça de fortunas da qual Weil é executivo-chefe, informou ontem que o banqueiro foi preso durante uma visita particular à Itália. “Ele foi detido com base em um mandado de prisão internacional emitido pela justiça americana em 2008, envolvendo acusações de cumplicidade por evasão tributária durante o período em que esteve no UBS, de onde saiu em 2009. Raoul Weil contesta estas acusações”, afirmou o grupo.
Fontes policiais disseram à Reuters que Weil, 53, foi preso no hotel “I Portici”, no centro de Bolonha, e levado para a prisão Dozza, na mesma cidade. A Reuters não conseguiu contatar Weil imediatamente, mas seu advogado italiano, Luca Sirotti, disse que vai “contestar a regularidade dos procedimentos de detenção”, sem acrescentar detalhes. O representante legal de Weil nos EUA não respondeu imediatamente ao pedido para comentar.
Quando Weil foi indiciado em 2008, seu advogado americano disse que ele era inocente e qualificou a acusação contra o executivo como “totalmente injustificada”. Dena Iverson, porta-voz do Departamento de Justiça americano, recusou-se a comentar a prisão de Weil. Sob a lei italiana, o Tribunal de Apelações de Bolonha realizará uma audiência para identificar Weil. Então, a Itália terá de decidir se entregará ou não o banqueiro suíço às autoridades americanas.
No passado, a Itália colaborou com os EUA, exceto em casos de crimes puníveis com pena de morte, inexistente na legislação italiana. De acordo com a lei americana, uma condenação por evasão tributária pode resultar em multas e prisão.
Um porta-voz do UBS disse que Weil, que assumiu o comando de seus negócios mundiais na área de gestão de fortunas em 2007 e também ocupou um assento no conselho de administração do banco, foi dispensado de suas funções ao ser indiciado. Ele ingressou no Reuss Private Group em 2010 como consultor e se tornou presidente-executivo no início deste ano.
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