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Derivativo Cambial: Fibria perde R$ 2 bi em operações financeiras – um replay de 2008?

Há algum tempo, o mercado se perguntava se o repique do câmbio causaria pesadas perdas às empresas brasileiras, como em 2008, quando apostas erradas levaram a prejuízos bilionários. Ao divulgar seus números trimestrais, a Fibria tornou-se o primeiro caso desta safra de balanço.

A empresa registrou, no terceiro trimestre, perdas financeiras líquidas de 2,015 bilhões de reais – um resultado tão impactante, que acarretou um prejuízo líquido de 1,114 bilhão de reais, o pior desde que a empresa foi criada em 2009.

Com 92% das dívidas atreladas ao dólar, as operações de hedge (proteção) causaram perdas de 558 milhões de reais. No mesmo período do ano passado, os mesmos instrumentos permitiram ganhos de 53 milhões de reais. No segundo trimestre, o resultado positivo foi ainda maior: 115 milhões de reais.

As despesas financeiras, compostas pelos juros sobre empréstimos em moeda local e estrangeira, também ficaram negativas em 168 milhões de reais – praticamente o mesmo que os 169 milhões do segundo trimestre, e abaixo dos 191 milhões do terceiro trimestre de 2010.

Mas mais de 50% das perdas financeiras veio da variação cambial. Entre julho e setembro, a flutuação do dólar gerou prejuízos de 1,296 bilhão de reais – ante um ganho de 328 milhões no segundo trimestre, e de 430 milhões no mesmo período do ano passado.

Repeteco

A Fibria aumentou suas operações com derivativos de câmbio nos últimos três meses – o que gerou as perdas com hedge. Um dos instrumentos utilizados foi o non-deliverable forward (NDF), cujos contratos somaram 1,185 bilhão de dólares no terceiro trimestre, ante 392 milhões no mesmo período do ano passado, e 919 milhões no segundo trimestre.

Segundo a empresa, o aumento dos contratos “cumpre os limites estabelecidos e os instrumentos utilizados, de acordo com a política de gestão de riscos, visando exclusivamente a proteção do seu fluxo de caixa.”

O curioso da situação é que a Fibria foi criada em 2009 a partir da compra, pela VCP, da Aracruz que, no ano anterior, fora abatida por pesadas perdas com derivativos de câmbio. Na ocasião, o estouro da crise de 2008 fez o dólar disparar, e a Aracruz contabilizou perdas financeiras de 2,1 bilhões de dólares. Com o caixa sufocado pela necessidade de honrar os contratos, a Aracruz não teve outra saída, a não ser se unir à rival.

Em teleconferência nesta quarta-feira, o diretor financeiro da Fibria, João Elek Júnior, afirmou que a Fibria não tem planos de mudar sua política de hedge cambial, segundo a Agência Bloomberg.

Fonte: Márcio Juliboni, de

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.