Cruzeiro do Sul é suspeito de montar pirâmide financeira
Os ex-donos do Cruzeiro do Sul, Luís Felippe e Luís Octavio Índio da Costa, têm mais um problema para se preocupar além da própria liquidação do banco. Eles são suspeitos de aplicar um golpe à la Bernard Madoff, o financista que inventou um esquema de pirâmide nos Estados Unidos que resultou em perdas de 65 bilhões de dólares para milhares de investidores.
Na versão brasileira, os valores são mais modestos: aproximadamente 270 milhões de dólares. Mas o drama pessoal de cotistas de dois fundos do Cruzeiro do Sul é comparável ao das vítimas americanas. Há senhoras aposentadas que perderam a poupança de uma vida e até uma família que ficou sem chão ao perceber o sumiço do dinheiro guardado para bancar a sobrevivência de um parente portador de deficiência.
A suspeita é de que os dois fundos do banco – FIP BCSul Verax Equity 1 e FIP BCSul Verax 5 Platinum – não tenham ativos para honrar sequer 5% do que foi aplicado pelos investidores.
O levantamento detalhado do patrimônio dos fundos deve chegar à Justiça neste segunda-feira, mas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo a maior parte dos ativos não vale nada. São basicamente operações financeiras com o próprio Cruzeiro do Sul. Como a instituição foi liquidada pelo Banco Central (BC), os papéis viraram pó.
Advogados de uma associação criada para lutar pelos direitos dos cotistas fizeram uma pesquisa em cartórios de todo o país. Descobriram alguns ativos que, se estima, não cheguem a 20 milhões de reais.
Prisão — No final de outubro, Luis Octávio Índio da Costa e seu pai, Luis Felippe Índio da Costa, foram presos pela Polícia Federal (PF) por tentarem movimentar bens dentro e fora do país, que estavam bloqueados desde a intervenção do BC no Cruzeiro do Sul, em junho. Na última quarta-feira, a Justiça Federal negou o pedido de liberdade provisória dos ex-controladores, solicitado pela defesa dos dois.
Fiança — Outros dois ex-diretores do Cruzeiro do Sul também são acusados de tentar esconder e movimentar bens e valores que eram passíveis de bloqueio judicial. Horácio Martinho Lima e Maria Luísa Garcia de Mendonça devem pagar fiança de 1,8 milhão de reais e 1 milhão de reais, respectivamente. A defesa dos ex-diretores também entrou com pedido de redução da fiança, mas o processo ainda está sob análise do Ministério Público Federal de São Paulo.
Fonte: Agencia Estado e Veja