Crédito a empreiteiras domina rodinhas de banqueiros
Um tema dominou as rodinhas no coquetel que precedeu o almoço de fim de ano da Febraban, ontem: o crédito às empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato e as consequências sobre a economia como um todo.
A avaliação geral feita por altos executivos de bancos é que mais dia menos dia as empreiteiras, por acaso as maiores do país e responsáveis pelas principais obras em curso, sofrerão uma restrição ao crédito, quer seja bancário, quer seja no mercado de capitais. A consequência, avaliam, será uma asfixia financeira dessas empresas, com consequências devastadoras para o PIB.
Nenhuma das empreiteiras acusou o golpe ainda, mas muita gente presente já discutia que tipo de solução pode ser adotada para irrigar o caixa dessas empresas quando chegar a hora. O consenso é que precisará ser uma ação coordenada pelo governo, com garantias para os investidores.
Como pontuou um dos presentes: “O setor financeiro tem o péssimo hábito de se antecipar aos fatos”.
A julgar pelo PIB bancário presente ao almoço de fim de ano da Febraban, pode-se dizer que os banqueiros estão mais otimistas para 2015 do que estavam para o ano que se encerra. Ou seria mais apropriado dizer menos pessimistas?
Diferentemente do ano passado, em que o almoço foi um evento mais enxuto e ao qual faltaram alguns nomes importantes da banca nacional, ontem a lista estava completa e o salão do Hotel Unique, em São Paulo, lotado.
Os presidentes dos maiores bancos estavam todos lá: Roberto Setubal, do Itaú, Luis Carlos Trabuco Cappi, do Bradesco, Aldemir Bendine, do Banco do Brasil e Jorge Hereda, da Caixa. Todos sentados à mesa principal, onde o convidado de honra era o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini – Setubal a sua direita, Trabuco à esquerda e Murilo Portugal, presidente da Febraban, a sua frente. Na mesma mesa ainda estavam os diretores do BC Carlos Hamilton e Anthero Meirelles, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o senador Romero Jucá (PMDB) e o secretário da Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi.
O astral mais leve e o comparecimento maciço para ouvir Tombini não se deveram a projeções otimistas para PIB, inflação ou crédito para 2015. Saiu de cena a preocupação com a eleição, que jogava uma sombra sobre 2014, mas entrou o forte ajuste na economia já contratado. O que pesou a favor do encontro foi o cartaz da equipe econômica nomeada, que desfruta de credibilidade entre os bancos e que já indicou que aplicará um receituário que o setor vinha pedindo há tempos: juros altos, austeridade fiscal e menor peso dos bancos oficiais no crédito.
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