Coutinho, presidente do BNDES, descarta efeitos “dramáticos” da crise sobre o crédito
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, acredita que a atual crise internacional não terá “efeitos dramáticos” sobre o crédito no mercado internacional. Com isso, ele não acredita que a Petrobras – que já demonstrou preocupação quanto à capacidade de captação de mais de US$ 91 bilhões nos próximos anos – precisará de um novo aporte do banco de fomento.
“Eu sou mais otimista, acho que a Petrobras não necessariamente vai precisar de tudo isso, e não precisa pegar tudo isso agora, é ao longo de cinco anos. É prematuro falar disso agora. Acho que o mercado, em uma escala menor, pode suprir isso perfeitamente”, disse após participar do Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio de Janeiro.
Quanto à possibilidade de o BNDES realizar novo aporte, ele disse esperar que não seja necessário, porque o banco “está sobrecarregado”. Ele considerou que o mercado brasileiro não foi afetado. A expectativa é de que haja uma forte desaceleração do crescimento dos Estados Unidos e da Europa, sem consequências mais profundas sobre o sistema bancário, “salvo ritmo bem mais reduzido de concessão de crédito nos países desenvolvidos”, sem afetar o sistema brasileiro.
Coutinho não acredita em uma dupla recessão da economia mundial. “Não quero dizer que isso esteja totalmente fora do radar, mas a noção de probabilidade relacionada a esse cenário extremo reduziu-se muito em função da postura proativa das autoridades europeias”, disse.
Embora a decisão do Congresso americano de elevar o teto da dívida dê uma perspectiva considerada “medíocre” para o crescimento americano, o presidente do banco de fomento não acredita que a perspectiva não é mais “desastrosa” como parecia antes da aprovação do teto.
“O cenário que prevalece é um cenário de desaceleração nas economias desenvolvidas, sem efeitos dramáticos no que diz respeito à oferta de crédito no sistema internacional. Portanto, nos mantém dentro do nosso plano de voo original”, disse, em referência à expectativa de crescimento da economia brasileira.
Fonte: Juliana Ennes, Valor Economico