Contador mineiro usa simulador do Valor para testar estratégia
Era início de outubro quando o contador Fabrício D’Almeida, morador de Divinópolis (MG), notou, a partir do estudo de gráficos, que as ações da varejista Hypermarcas e do frigorífico Marfrig tinham se transformado em uma verdadeira pechincha. Havia apenas um problema: ele não tinha dinheiro para aproveitar a oportunidade e testar sua capacidade em montar estratégias gráficas vencedoras. “A solução foi comprar pelo simulador de ações do Valor para ver se realmente eu estava certo”, contou D’Almeida ao Valor, por telefone. “E funcionou, porque logo depois vendi os papéis [no simulador] com um bom lucro”.
Na terceira posição nos resultados parciais da corrida do simulador de ações do portal do Valor, o “Valor em Ação”, o contador mineiro é um forte candidato a faturar o prêmio mensal do simulador, um iPad 16 GB mais uma assinatura do jornal ao primeiro colocado. O anúncio do vencedor deve ser feito por volta do próximo dia 10.
No ar desde 3 de outubro, o simulador já conta com 935 usuários, a maioria com idade entre 21 e 35 anos. São 222 usuários (23,72%) entre 21 e 25 anos, 180 (19,25%) entre 26 e 30 e outros 113 (12,09%) entre 31 e 35 anos. Entre as regiões do Brasil, o Sudeste domina, com 663 usuários. Em seguida, aparecem as regiões Sul (113), Nordeste (77), Centro-Oeste (64) e Norte (19). Entre os Estados, São Paulo lidera, com 441 cadastrados. Na outra ponta, está Tocantins, com apenas 1 participante.
Além do prêmio para o primeiro colocado de cada mês, o simulador dará prêmio anuais, divididos em duas categorias. O primeiro colocado de 2011 na categoria geral, aberta a todos os investidores, recebe um iPad 32 GB Wi-Fi e uma assinatura anual do Valor. O segundo lugar, um iPad 16 GB e uma assinatura e o terceiro, uma assinatura anual do Valor. Na categoria universitária, o melhor colocado no ano recebe um iPad 32 GB Wi-Fi e um curso on-line da BM&F Bovespa. O segundo lugar, um iPad 16 GB Wi Fi e uma assinatura anual do Valor e o terceiro, uma assinatura anual do Valor.
Embora tenha se sentido estimulado pela premiação, D’Almeida, de 35 anos, se cadastrou no simulador com planos bem mais ambiciosos. Trabalhando hoje na área fiscal de uma empresa, o contador quer, daqui a alguns anos, deixar o emprego e passar a “viver do mercado de ações”, ou seja, tornar-se um investidor profissional. “O simulador me ajuda a testar meus conhecimentos e a ganhar mais confiança para operar no mundo de verdade”, disse D’Almeida.
O contador de Divinópolis tem uma estratégia agressiva. Com base na análise gráfica, ele compra e vende ações rapidamente, na maioria das vezes no mesmo dia. O investidor também se arrisca no mercado de derivativos, com apostas em opções de ações – contratos que dão ao investidor o direito de comprar ou vender uma ação no futuro por um preço preestabelecido – de BM&FBovespa e OGX Petróleo. “Eu arrisco mesmo, comprando e vendendo as opções quando o gráfico mostra que há uma oportunidade”, diz.
Ele faz questão de dizer, contudo, que tem plena consciência dos riscos e que opera sempre com limites de perda [“stop loss”], vendendo as ações ou opções rapidamente quando elas caem abaixo de determinada cotação. “No mercado não dá para ganhar sempre, o importante é ganhar mais do que perder”, diz, demonstrando segurança.
Hoje com uma estratégia bem definida e objetivos claros, D’Almeida teve um começo decepcionante no mercado acionário. Em 2007, estimulado por notícias de alta da bolsa, ele resolveu aplicar num fundo de ações de um grande banco de varejo. Com os bons resultados obtidos, em agosto de 2008, ele abriu uma conta em uma corretora se aventurou no pregão, comprando ações de Vale e Petrobras. Em setembro daquele ano, estourou a crise financeira internacional, com a quebra do banco americano Lehman Brothers, e D’Almeida viu seu patrimônio minguar. “Ainda bem que não tinha muito capital aplicado, senão teria perdido muito”, diz.
O tropeço inicial, em vez de traumatizar e afastar de vez o investidor da bolsa, despertou a busca pelo conhecimento. D’Almeida passou a acompanhar o mercado e fez uma série de cursos sobre ações tanto presenciais quanto pela internet, especialmente de análise gráfica. Hoje, ele acompanha diariamente a bolsa. A rotina inclui leitura do noticiário econômico todas as manhãs, com elaboração das estratégias gráficas, acompanhamento do mercado na hora do almoço e avaliação das estratégias e resultados à noite. A estratégia, diz ele, está dando certo. “Nem senti essa última crise da bolsa, com as notícias da Europa, porque sei que as quedas fazem parte do mercado”, diz.
Diferentemente de D’Almeida, o também mineiro Gabriel Mendes Borges, primeiro colocado no ranking parcial do “Valor em Ação”, tem estratégias diferentes para seus investimentos em ações e as operações no simulador. No mundo real, ele é cauteloso. Mirando no longo prazo, possui uma carteira diversificada, com papéis de diversos setores, montada a partir de indicações de corretoras e da própria Carteira Valor. Já no simulador “Valor em Ação”, ele tem um portfólio com um número pequeno de ações, o que aumenta o risco de oscilações mais abruptas do valor do investimento. “De certa forma, não tenho muito a perder [no simulador], mas muitos prêmios a ganhar”, diz Borges, formado em Ciências Atuariais, mestre em demografia e funcionário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro.
Fonte: Antonio Perez, Valor Economico
