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Com Basileia de 9,13%, Matone é rebaixado

PercentualO Banco Matone estava em setembro com um índice de Basileia de 9,13%, abaixo do mínimo exigido pelo Banco Central (BC), de 11%. Não se sabe qual o índice atual, mas ontem a instituição gaúcha teve a nota de crédito rebaixada pela Fitch Ratings. O balanço do quarto trimestre ainda não foi divulgado, mas o relatório da Fitch indica que a situação teria se agravado após o furo contábil do PanAmericano, que veio a público em novembro. O Matone, que tem o consignado como carro-chefe, vem encontrando dificuldades para fazer cessão de créditos, a principal fonte de captação, segundo a agência. No fim do terceiro trimestre, a instituição tinha uma carteira própria de quase R$ 350 milhões e possuía um estoque cedido de mais que o dobro disso – R$ 760 milhões.

Sob a leitura de que com o acesso mais restrito a fontes de financiamento o Matone enfrentará problemas para manter o ritmo de forte alavancagem, a Fitch rebaixou o rating nacional de longo prazo de “BB(bra)” para “B(bra)”, com perspectiva estável. Manteve a nota de curto prazo em “B(bra)” e o rating de suporte 5, aquele que mede as chances de o acionista controlador fazer aportes de capital no banco em caso de apertos de liquidez. De acordo com a Fitch, o suporte é possível, mas não certo. O controlador é Alberto Matone, empresário do Rio Grande do Sul.

O analista Jean Lopes, que assina o relatório, justifica a classificação pelas contínuas perdas operacionais, o baixo patamar e qualidade de capital e pela expectativa de um ambiente desafiador à frente. O maior requerimento de capital para operações à pessoa física pode ter trazido pressão adicional.

De acordo com Lopes, o Matone apresentou forte redução da captação e aumentou custos, o que afetou a capacidade de gerar novos créditos e resultados. O risco de liquidez foi atenuado no curto prazo pelo aumento do limite dos depósitos a prazo com garantia especial (DPGE) em dezembro pelo BC, que no caso do Matone foi em torno de R$ 250 milhões. O limite está, entretanto, quase todo tomado. “Uma nova instabilidade de mercado representaria um forte desafio à capacidade de captação do banco”, observa o analista.

Para ele, o baixo índice de capital elegível (que entra para o cálculo do patrimônio de referência) é prejudicado pelo elevado volume de ágio oriundo da incorporação da promotora de vendas, a Bem Vindo!, em 2009 e de créditos tributários de difícil realização. A Bem Vindo! foi constituída em outubro de 2008, iniciou as atividades em janeiro de 2009 e, em dezembro daquele ano, o Matone adquiriu 99,99% do capital social da empresa, o que, segundo laudo de avaliação da Fator Corporate Consultoria, poderia gerar ágio de R$ 127,6 milhões.

Em junho de 2008, um grupo de ex-sócios do Pactual, que na época era encabeçado por André Esteves, chegou a avaliar a compra de uma fatia minoritária na instituição, mas as conversas não evoluíram.

Só no terceiro trimestre, o Matone teve prejuízo de R$ 17,4 milhões, acumulando no ano até setembro perdas de R$ 10,5 milhões. No primeiro semestre, havia registrado lucro líquido de R$ 6,9 milhões, após concluir uma reestruturação que interrompeu a expansão em cartões e crédito imobiliário. Em seu parecer no balanço do primeiro semestre, a auditoria KMPG alertava para a incerteza em torno dos resultados futuros da instituição. Dizia que a geração de lucros futuros, a capitalização, a adequação ao índice de imobilização e a utilização de créditos tributários decorrentes de prejuízos acumulados dependiam do sucesso da reestruturação. Fazia parte da reestruturação a cessão de créditos inadimplentes pelo valor presente, o que, segundo o banco, não impactaria o resultado.

Procurado, o Banco Matone enviou nota em que afirma que “possui uma sólida estratégia de negócios para o ano de 2011, com foco na melhoria de seus resultados operacionais, bem como o aumento de sua base de capital e a utilização de novas formas de financiamento, alinhadas à atual dinâmica do mercado financeiro.” O texto acrescenta que “a instituição está atenta às movimentações do cenário econômico e entende que a nova classificação do seu rating, anunciada pela Fitch, está em sintonia com demais rebaixamentos promovidos em bancos de médio porte, mas que não impacta na sua operação cotidiana e na capacidade de honrar compromissos junto a clientes e ao mercado.”

A instituição diz ainda que promoveu melhorias na qualidade de sua carteira, com aperfeiçoamento de controles de crédito, inclusive com a contratação da KPMG para a realização da análise da carteira e que não foram constatadas inconsistências.

Fonte: Adriana Cotias e Aline Lima, Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.