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Com ajuda do FGC, grupo JBS coloca R$ 1,85 bi no Matone

O grupo JBS, que controla o frigorífico de mesmo nome, está colocando R$ 1,85 bilhão para assumir 100% do banco Matone, em uma operação financiada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para socorrer a instituição gaúcha com deficiência de capital.

Anunciada em março como uma fusão entre dois bancos de pequeno porte, a operação ganhou novos contornos. Inicialmente, previa-se que a holding J&F, controladora do banco JBS, faria um aumento de capital de R$ 200 milhões no Matone, o que lhe daria uma fatia de 60% na instituição. Outros R$ 100 milhões seriam colocados pela Matone Holding.

A partir da nova operação, o grupo JBS vai assumir um banco que estava em uma situação delicada. O balanço divulgado recentemente com os dados de 2010 mostra que os auditores deram um parecer adverso aos números elaborados pelo Matone, especializado no crédito consignado, com desconto em folha de pagamento.

Para a KPMG, os dados não representam adequadamente a situação do banco. A firma de auditoria informa em seu parecer que pelo menos R$ 147 milhões deveriam ser reduzidos do patrimônio líquido do Matone, que somava R$ 188,7 milhões em dezembro. Igual montante deveria ter impacto no resultado líquido, que foi um prejuízo de R$ 52,5 milhões no ano.

Em sua maioria, os problemas se devem à forma de contabilização das comissões pagas aos correspondentes bancários – os chamados “pastinhas” – e à ausência de provisões em operações de consignado. Para carteiras vendidas a outros bancos, por exemplo, o Matone não vinha reconhecendo no balanço o desembolso de comissões já pagas aos agentes. Procurados, os integrantes da família Matone não se pronunciaram.

De acordo com KPMG a capitalização de R$ 1,85 bilhão permitirá ao banco o enquadramento do índice de Basileia, indicador que mede a capacidade de alavancagem das instituições. O valor mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%, sendo que em março deste ano o número do Matone estava negativo em 3,77%.

De acordo com Emerson Loureiro, presidente do banco JBS, com o novo aporte, o Matone ficará com uma folga de capital bem acima do mínimo exigido pelos reguladores. “O negócio foi se desenrolando de uma forma que vimos que o banco precisaria ter uma base de capital mais forte. Isso porque, na virada do ano, os bancos pequenos e médios vão ter mais necessidade de capital”, diz Emerson Loureiro, presidente do banco JBS. “Ficaremos com a Basileia acima de 20%. O desafio agora é gerar ativos.”

Por exigência do Banco Central, a partir do próximo ano, as instituições que cedem carteiras de crédito não poderão mais antecipar o reconhecimento da receita da venda, prática dominante hoje.

Sob o comando do Matone, o JBS quer passar a operar o crédito consignado por meio de lojas próprias, sem ter de pagar comissão aos “pastinhas”.

Valor apurou que parte dos recursos injetados no Matone virá de um financiamento concedido à J&F. O empréstimo conta com a garantia de ativos da holding do grupo JBS, que tem negócios como o banco, uma empresa de exploração florestal e o frigorífico, no qual o BNDESPar passou a ter 30,4% do capital depois de trocar uma dívida de R$ 3,5 bilhões em debêntures por ações em maio. A informação sobre a ajuda do FGC é negada por Loureiro.

O FGC vem financiando a aquisição de bancos com dificuldade. É o que foi feito, por exemplo, na compra do PanAmericano pelo BTG Pactual e do Schahin pelo BMG. Procurado pela reportagem, o FGC informou que não comenta “casos específicos”, sem confirmar o empréstimo à J&F.

Segundo Loureiro, após o aumento de capital de R$ 1,85 bilhão, o Matone ficará com um patrimônio líquido de R$ 1,7 bilhão. Alguns ajustes ainda estão sendo feitos no balanço do Matone, o que inclui aumento de provisões para créditos de liquidação duvidosa.

Nesse cenário, o Matone terá um patrimônio líquido superior ao do próprio banco JBS, que encerrou junho em R$ 106 milhões e que dá crédito para a cadeia da pecuária. Ambas as instituições serão fundidas em um único banco, que passará a se chamar Original, com uma carteira de crédito de R$ 2,2 bilhões, sendo R$ 1,7 bilhão vindo do Matone.

O aumento de capital no Matone foi aprovado pelo Banco Central em meados do mês passado. Procurado pelo Valor, a autoridade disse que “não pré-avalia as demonstrações financeiras” e que “se necessário, vai tomar as providências que forem cabíveis”.

Fonte: Valor Economico

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.