BTG é o único a fazer oferta pelo Panamericano
Representantes do BTG Pactual passarão o fim de semana mergulhados nos números e documentos internos do Panamericano. Até a noite de ontem, o banco de André Esteves foi o único a apresentar uma proposta firme pela participação de Silvio Santos na instituição. A Caixa Econômica Federal, que é sócia do banco, manteria a mesma fatia de hoje (um terço do capital total e 49% do votante).
Por enquanto, essa é a única alternativa na mesa para permitir que o Panamericano continue funcionando, após a descoberta de que o rombo contábil chega a R$ 4 bilhões – R$ 1,5 bilhão a mais do que o estimado inicialmente pelo Banco Central (BC). Mesmo que a transação prospere, o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) deve fazer novo aporte para equilibrar as contas do banco de Silvio.
O FGC é uma entidade privada, criada pelos próprios bancos em 1995, com objetivo de garantir parte dos depósitos dos clientes do sistema financeiro em caso de quebra de uma instituição. Foi o FGC que socorreu o Panamericano quando a fraude contábil de R$ 2,5 bilhões foi descoberta pelo BC, no segundo semestre do ano passado.
A informação de que o rombo é maior e o FGC poderá ter de bancar um novo socorro foi antecipada pelo Estado na quinta-feira e levou a Comissão de Valores Mobiliários a (CVM) a pedir esclarecimentos à diretoria do banco. Em resposta, o diretor de Relações com Investidores, Celso Zanin, informou que “a atual administração não identificou de forma definitiva o valor das inconsistências contábeis constadas anteriormente”.
Balanço sob risco. A indefinição sobre o desfecho do negócio pode adiar novamente a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2010 do Panamericano, prevista para segunda-feira.
A proposta do BTG Pactual foi entregue quinta à noite e está sendo avaliada por executivos do FGC, do Grupo Silvio Santos e da Caixa. Outros bancos, como Bradesco, Santander e Safra, manifestaram interesse no Panamericano, mas aguardavam dados mais concretos sobre a saúde do banco para seguir em frente.
O plano do empresário era outro. Socorrido pelo empréstimo do FGC e contando com a estrutura da Caixa, esperava sanear o banco e, com a casa arrumada, vender a instituição a um preço superior ao que deve obter neste momento. Como entregou o patrimônio pessoal como garantia para o empréstimo, Silvio terá de se desfazer de várias de suas empresas. Ele só não queria vender o Panamericano tão cedo.
Segundo fonte próxima da negociação, se a transação com o BTG fracassar, será preciso iniciar do zero um novo plano para capitalizar o banco. Por ora, a liquidação do Panamericano pelo BC está descartada.
Entre outras, por duas razões principais: o megaempréstimo concedido pelo FGC e a inconveniência política de permitir a quebra de uma instituição que tem como sócia a Caixa, segundo maior banco público do País.
Fonte: David Friedlander e Leandro Modé, de O Estado de S. Paulo