Brasil e países da região concordam em outros pontos da agenda contábil
As propostas apresentadas pelo Glenif e pelo CPC ao Iasb não se restringem ao impacto da inflação nos balanços. As duas entidades também concordaram na sugestão de outros três pontos que devem ser tratados como prioritários pelo órgão internacional na sua agenda futura.
Um deles é bem pontual e específico para alguns países da região, como o Brasil, que usam o IFRS também para os balanços individuais, e não apenas para o demonstrativo consolidado.
O pedido é para que o método de equivalência patrimonial possa ser usado para se fazer o registro do investimento em uma controlada. Na regra atual, as possibilidades são apenas de registro pelo custo ou valor justo.
Outro tema que apareceu com destaque nas duas propostas se refere à “estrutura conceitual”. Embora já exista um pronunciamento do Iasb sobre esse tema, a avaliação é de que ele é antigo e incompleto. “A sugestão é para que o Iasb termine o processo. Eles iniciaram a revisão há seis anos e quebraram o processo em seis fases. Mas só acabaram a primeira até agora”, afirma Ricardo Lopes Cardoso, que coordenou o grupo técnico do Glenif que tratou desse assunto.
Para ele, a regra atual é “pobre” em critérios de mensuração, como o de valor justo, e também na definição de conceitos, citando como um exemplo o termo “ativo”.
Entraram na lista prioritária dos dois órgãos também uma revisão da norma contábil que trata das concessões de serviços públicos. A esse respeito, Glenif e CPC disseram que, do modo como está, a regra está sendo aplicada de forma inconsistente entre diferentes países que usam o IFRS como modelo contábil.
Outros projetos entraram na agenda sugerida dos dois órgãos, mas com nível de relevância diferente. Enquanto o Glenif considera que a revisão do pronunciamento sobre atividade extrativista uma alta prioridade, o CPC classifica esse ponto como “não urgente, mas relevante”. De modo contrário, uma regra contábil mais ampla sobre agricultura apareceu com destaque maior na proposta brasileira do que naquela apresentada pelo grupo latino-americano.
Fonte: Fernando Torres, Valor Economico