BC quer alongar compromissadas
Ao permitir a liquidação das operações compromissadas num prazo determinado pelo comprador ou vendedor do título e criar uma plataforma eletrônica de negociação, conforme decisão anunciada ontem, o Banco Central dá mais transparência e liquidez às operações no mercado secundário de títulos públicos.
A diretoria do BC aprovou o novo regulamento do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), onde essas negociações poderão ser registradas. A medida, que era uma demanda das instituições financeiras, deverá incentivar o alongamento de prazos das compromissadas, atualmente concentrado em um dia (“overnight”).
“A flexibilidade reduzirá as incertezas associadas a eventuais variações nos preços dos títulos usados como lastro das compromissadas”, disse o diretor de Política Monetário, Aldo Mendes. O encerramento de uma operação hoje é comandado necessariamente por ambos, vendedor e comprador. A partir da vigência da medida, se por questões de mercado houver um desbalanceamento em desfavor do vendedor, ele poderá encerrar o negócio e vice-versa.
A mudança estará disponível até junho, assim como a possibilidade de registro das promessas de compra ou venda de títulos no sistema. “A possibilidade do pré-registro de operações no Selic também atende a demanda de investidores, principalmente os estrangeiros”, disse o diretor. Atualmente, por questões de fuso horário e fechamento de câmbio, essas transações só são liquidadas dois ou três dias depois. A possibilidade de registro da promessa de compra ou venda de títulos no Selic possibilitará maior segurança nos negócios feitos por estrangeiros.
O BC também aprovou uma nova plataforma de negociação na internet, que entrará em funcionamento no segundo semestre. “A plataforma elevará o grau de transparência nos preços praticados e incentivará o aumento da participação dos institucionais no secundário de títulos federais”, informou a instituição em nota. Hoje, essas negociações são feitas entre as partes e não é possível fazer uma oferta simultaneamente a todos membros do mercado.
Fonte: Murilo Rodrigues Alves, Valor Economico
