BC da Inglaterra afasta funcionário e apura falhas
O Banco da Inglaterra (BoE) suspendeu um membro de seu staff e publicou registros que mostram que preocupações com a possibilidade de manipulação das taxas referenciais de juros foram levantadas em reuniões no começo de julho de 2006.
O BoE investiga alegações de que funcionários fizeram vista grossa a práticas que estão no centro de uma grande fraude que envolveu operadores dos maiores bancos do mundo. O BC britânico disse que a investigação não encontrou até agora evidências de envolvimento de funcionários seus no conluio.
As minutas narram as reuniões do Subgrupo dos Operadores Chefes da Comissão Permanente Conjunta de Câmbio até fevereiro de 2013.
A “Bloomberg” relatou há um mês que operadores de câmbio graduados de bancos como o Citibank e o UBS disseram a funcionários do BoE, em uma reunião de abril de 2012, que discutiam posições antes de definir as principais taxas referenciais e combinaram compradores e vendedores antes da fixação das taxas. Representantes do BC disseram ver as práticas que reduziam a volatilidade como positivas, segundo três fontes a par do assunto.
Em uma reunião de 4 de julho comandada pelo principal operador do BoE, Martin Mallett, os participantes discutiram “evidências de tentativas de mover o mercado em torno de horários populares de redefinição de preços por operadores que não tinham interesse particular em uma determinada redefinição”, segundo as minutas. “Foi notado que o ‘negócio de redefinição [de preços]’ estava se tornando cada vez mais carregado por causa desse comportamento.”
Em encontro de maio, uma “grande maioria” demonstrou “preocupação com a falta de transparência entre algumas metodologias e os impactos no gerenciamento do fluxo de ordens e liquidez dos preços em horários de juros concentrados, como o ‘London fix’ das 16 horas”.
Dois meses depois, em uma reunião na sede do HSBC, Brian Dawson – na ocasião um executivo da World Markets Co. – fez uma apresentação sobre a metodologia de cálculo das taxas referenciais de câmbio WM/Reuters. Naquela discussão “foi sugerido que usar uma observação pontual do mercado poderia ser problemático” e “alvo de manipulação”.
Pelas anotações de uma reunião de 11 de dezembro de 2013 do corpo administrativo do BoE, o presidente Mark Carney disse ter ordenado “um exame completo” dos registros internos. Essa revisão examinou 15 mil e-mails, 21 mil registros de mensagens de voz da Bloomberg e Reuters e mais de 40 horas de registros telefônicos. “Até agora essa ampla revisão de documentos, e-mails e outros registros não encontrou evidências de que funcionários do Banco da Inglaterra participaram de manipulação do mercado e câmbio ou compartilhamento de informações confidenciais de clientes”, disse o BC no comunicado de ontem. “O Banco da Inglaterra não tolera manipulação do mercado em nenhum contexto.”
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