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BC argentino aprova compra de parte do Banco Patagônia pelo BB

AcordosA diretoria do Banco Central da Argentina aprovou a compra realizada pelo Banco do Brasil de 51% do capital acionário do Banco Patagônia, entidade financeira controlada até o ano passado pela família argentina Stuart Milne. Esta foi a primeira vez que o Banco do Brasil comprou um banco no exterior. O Banco do Brasil já havia recebido em 2010 a autorização do BC brasileiro para esta operação – de US$ 480 milhões – cujo acordo foi fechado com o Patagônia em abril do ano passado. As primeiras conversas entre o Banco do Brasil e o Patagônia haviam ocorrido em meados de 2009.

Nos próximos dois meses o Patagônia faria uma oferta pública de parte das ações restantes, fato que poderia elevar a participação do Banco do Brasil a 75% do capital desse banco. Esta compra adicional implicaria no desembolso extra de US$ 235 milhões (o equivalente a US$ 1,30 por ação).

Até esta aquisição, o Banco do Brasil contava com apenas uma filial em Buenos Aires, instalada no coração da city financeira, nas esquinas das ruas Sarmiento e 25 de Mayo, a quatro quarteirões da Casa Rosada, o palácio presidencial.

No entanto, embora presente há décadas em Buenos Aires, o banco jamais foi além desta única sucursal, basicamente dedicada ao atendimento de operações comerciais e da pequena comunidade brasileira na região da capital argentina e sua área metropolitana.

Mas, com a compra do Patagônia, a expansão do Banco do Brasil será exponencial, já que o banco argentino possui 154 agências em todo o país, com 250 caixas eletrônicos – possui ativos com valor equivalente a US$ 2,56 bilhões. Seu patrimônio líquido é de US$ 487 milhões. Os depósitos do Patagônia atualmente equivalem a US$ 1,6 bilhão.

Do total das contas correntes do banco, 75% estão vinculadas ao pagamento de salários e benefícios. O banco possui boa reputação com as pequenas e médias empresas argentinas. Um sinal desse prestígio são as 463 mil contas de funcionários de 3.323 empresas, principalmente pequenas e médias companhias.

Mercado atraente

Em abril do ano passado, na época do anúncio do fechamento do acordo, o presidente-executivo do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, ressaltou em Buenos Aires que “o interesse do BB no Patagônia não é somente a aquisição de ativos…é um investimento estratégico que esperamos consolidar daqui a alguns anos Viemos para crescer na Argentina Queremos ser um banco com presença local”. Na ocasião Bendine afirmou que o Banco do Brasil tem “interesse” em “outros mercados da América Latina”: “estamos atentos a essas possibilidades”.

O mercado argentino possui diversos pontos de atração para uma entidade financeira brasileira. Por um lado, a existência de quase 50 mil brasileiros residentes na Argentina, potenciais clientes. Além disso, a presença de 400 empresas brasileiras no país, que empregam 200 mil argentinos.

Os analistas financeiros portenhos ressaltam que o setor bancário argentino oferece um grande espaço para expansão no país, já que a bancarização da população é uma das mais baixas da América Latina. No entanto, também destacam que a desvantagem é que o setor financeiro argentino é costumeiramente assolado pelas constantes crises econômicas do país.

Reputação

O Patagônia, criado originalmente nos anos 70 com o nome de Banco Mildesa, conta com boa reputação no mercado argentino, pois passou incólume pela crise financeira de 2001-2002. Após esse conturbado período expandiu-se ao longo da década com a compra das filiais locais do Lloyds TSB e do Sudameris.

Ao redor de 56% de suas operações estão concentrada na cidade de Buenos Aires e na província de Buenos Aires. Essa área aglutina 60% do PIB e da população argentina. Nos últimos meses prévios ao acordo com o Banco do Brasil o Patagônia fez um profundo “saneamento” da empresa, de forma tornar o banco “mais atraente”.

A família Stuart Milne, que liderada a diretoria do Patagônia, é encarada na city financeira portenha como “alinhada” com o governo da presidente Cristina Kirchner e do ex-presidente Néstor Kirchner, que morreu em outubro passado.

O setor bancário é um dos poucos que não teve confrontos diretos com o casal Kirchner.

Itaú

O desembarque em grande estilo do Banco do Brasil em terras argentinas é o primeiro protagonizado por um banco brasileiro desde que o Itaú começou seus primeiros passos na Argentina com filiais próprias em 1995. Mas, a grande expansão foi propiciada pela compra do Banco del Buen Ayre em 1998 por US$ 225 milhões.

Desde os anos 90, quando as primeiras empresas brasileiras começaram a instalar-se na Argentina (processo que passou por um boom a partir da crise argentina de 2001-2002) o setor bancário do país somente foi explorado pelo Itaú, que atualmente possui uma rede de 81 filiais.

A presença brasileira na Argentina é ostensiva na área de cimento, combustíveis, cerveja, têxteis, frigoríficos e produção de alumínio. As empresas brasileiras também investem no setor de calçados e máquinas agrícolas, entre outros.

Fonte: Ariel Palacios, correspondente de O Estado de S.Paulo

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.