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Bancos reduzem os juros dos cartões de crédito

4.jpgTodos os dias Jonas Mendonça, gerente de uma rede de lojas de calçados em São Paulo, tem de verificar se os vendedores das oito filiais estão batendo as metas. O trajeto é feito a pé e, por isso, cansativo e sujeito à chuva e ao sol. Não é, porém, seu único desconforto. Ele também tem suado com os R$ 4 mil que deve no cartão de crédito. “Vejo minha dívida aumentar em R$ 400 mensalmente”, diz. Mendonça não pode se queixar de que o endividamento seja um problema exclusivamente seu: cerca de 7,2 milhões de brasileiros estão financiando dívidas no cartão de crédito. Essa multidão, superior à população do Rio de Janeiro, paga os juros mais escorchantes do mundo, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Não é um exagero: a média das taxas é de 323% ao ano. O Peru, segundo colocado, cobra 55%. E nos Estados Unidos a taxa anual é de 16,7%, pouco mais do que se cobra por mês por aqui. A pressão sobre os bancos contou com a participação da presidenta da Republica. “O corte da Selic me alegra, mas confesso que ainda não estou satisfeita, porque os cartões de crédito podem reduzir ainda mais as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo para níveis civilizados seus ganhos”, disse Dilma Rousseff no Dia da Independência. Para o regozijo de devotos de Santa Edwiges, a padroeira dos endividados, a artilharia do governo surtiu efeito.

O primeiro banco a anunciar um alívio foi o Bradesco, que baixou a taxa máxima de 14,9% para 6,9%, na terça-feira 25, movimento acompanhado por outros bancos, à frente o arquirrival Itaú. “O corte visa a reduzir a inadimplência dos cartões e melhorar o relacionamento com o cliente”, diz Marcelo Noronha diretor-executivo do Bradesco, que tem 95 milhões de plásticos emitidos. O Itaú vai reduzir as taxas para 5,99% ao mês. “Nossa estratégia é diferente da do Bradesco”, disse Roberto Setubal, presidente-executivo do banco, durante uma reunião com analistas na terça-feira 25. Segundo ele, o corte será acompanhado de normas mais rígidas. Em caso de atraso, o juro será cobrado a partir da data da compra e não do vencimento da fatura.

Os bancos estatais também melhoraram suas condições. O Banco do Brasil reduziu os juros em 30%, mas só para os clientes que aderirem ao programa “Bom pra Todos”. Na Caixa Federal, a redução no crédito rotativo chegou a 52% na média. “Os bancos têm razão em cobrar taxas de quem paga com atraso, mas o percentual é alto demais”, diz Fernanda Della Rosa, economista da Federação do Comércio. Segundo ela, ao calcular as taxas, o sistema financeiro considera uma inadimplência de 35% dos empréstimos. Os juros de quem paga com atraso cobrem essa perda, mas a conta está errada. “Os bancos deveriam considerar uma inadimplência de 15%”, afirma.

Isso torna o momento propício para renegociar dívidas, diz Maria Inês Dolci, coordenadora da Fundação Proteste, uma entidade de defesa dos direitos do consumidor. Como se aproveitar dessa mudança? Até agora, os bancos não deram sinais de que vão facilitar a vida dos devedores – mesmo com os cortes de taxa, nenhum anunciou uma campanha de renegociação. Mesmo assim, segundo o consultor financeiro Laércio Nery, os clientes devem aproveitar a queda das taxas e procurar financiamentos mais baratos dentro dos próprios bancos com os quais trabalham. “Empréstimos pessoais e consignados cobram juros menores”, diz ele. “É melhor trocar uma dívida cara por outra mais barata.”

Outra recomendação é evitar a tentação de pagar apenas a fatura mínima, que deve cair devido à diminuição das taxas – erro cometido por 6% dos brasileiros que têm cartão, segundo uma pesquisa do SPC. “Cerca de 55% dos usuários de cartão parcela as compras”, diz Nelson Barrizzelli, professor da USP que coordenou a pesquisa. Segundo ele, há plásticos demais nas mãos dos consumidores: são quatro por pessoa – e isso não depende da classe social. “O brasileiro tem mais cartões do que o americano, e muito mais do que deveria”, diz. O alerta de Barrizzelli é pertinente. Cerca de 38% dos empréstimos concedidos no País são contraídos pelo cartão de crédito, e a inadimplência vem aumentando. 

Segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 32% dos consumidores brasileiros com renda superior a seis salários mínimos têm ou já tiveram seus nomes inseridos nas listas de maus pagadores – e os juros altos explicam boa parte desses problemas. O SPC divulgou na quarta-feira 26 uma pesquisa sobre o uso do crédito, e os resultados não foram animadores. “Por falta de educação financeira, o brasileiro não sabe usar crédito”, diz Barrizzelli, que coordenou a pesquisa. “O usuário gasta sem planejamento, não sabe calcular os juros que paga e se preocupa apenas com a parcela que vai pagar, e não com o custo da dívida.”

Fonte: Fernando TEIXEIRA, Istoé Dinheiro

marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.