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Bancos médios se lançam no varejo para captar recurso

Em um didático vídeo que busca inspirar a confiança dos pequenos poupadores, a corretora XP Investimentos explica em seu site na internet que Certificados de Depósito Bancário (CDBs) podem ser um investimento tão seguro quanto a tradicional caderneta de poupança. Isso se o investidor aplicar até R$ 70 mil, valor assegurado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), entidade criada em 1995 para garantir o dinheiro de depositantes em caso de quebra de bancos.

O destaque dado ao FGC não é uma ideia isolada da XP. Cientes da mácula criada sobre o setor com as recentes bancarrotas de instituições como Cruzeiro do Sul e Morada, diversos bancos médios e corretoras têm colocado como protagonista de anúncios de CDBs a garantia dada pelo FGC com o objetivo de atrair as economias de investidores de varejo.

A mensagem que os bancos médios querem passar às pessoas físicas é que o risco de crédito de suas instituições pode ser, no fim, igual ao de outras maiores, graças ao seguro do FGC, pelo qual bancos de todos os portes pagam.

“Para o banco, a pulverização conseguida com os pequenos investidores dá maior estabilidade para a captação. Temos aprovado os resultados”, diz Juliana Pentagna, diretora de investimentos do Bonsucesso. A instituição, que tem como principal produto o crédito consignado, vem distribuindo papéis para o varejo com algumas corretoras desde o ano passado.

Hoje, a venda de CDBs está bastante concentrada nas mãos dos bancos de grande porte, que têm vastas redes de agências nas ruas para oferecer seus produtos. Só as cinco maiores instituições do país – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal – são responsáveis por 68,9% do volume de papéis emitidos, segundo dados do Banco Central. Os depósitos a prazo são uma de suas principais fontes de captação.

A possibilidade de diversificar a fonte de captação, indo além dos investidores institucionais, tem levado alguns bancos médios a expor seus CDBs e LCIs (letras de crédito imobiliário) na prateleira de corretoras, como Ativa e XP. Desde a descoberta de um rombo de R$ 4,3 bilhões no PanAmericano, a captação dos bancos médios cambaleia, por isso também a busca de alternativas.

Nomes como Rural, Bonsucesso, Gerador, Paraná e Intercap distribuem seus títulos por plataformas de terceiros. Outros bancos, como Sofisa e Ficsa, anunciaram em 2011 a criação de sites para vender seus papéis diretamente às pessoas físicas.

A XP oferece CDBs de 25 bancos, com seis opções de prazo, além de LCIs de 12 instituições com sete vencimentos. “Em vez de mostrar aos clientes só bancos grandes, queremos servir de plataforma de emissão dos médios, que não conseguem sozinhos chegar a todas as regiões do Brasil”, diz Daniel Lemos, responsável pela área de renda fixa da XP.

Neste ano, a corretora prevê vender R$ 1 bilhão em papéis de renda fixa de bancos médios, o dobro das distribuições feitas em 2012. Por instituição, a XP limita a aplicação do investidor a R$ 70 mil, a garantia máxima do FGC. Mas, para quem quer comprar mais CDBs do que isso, a corretora monta alguns pacotes, reunindo aplicações em ativos de diversos bancos.

Novos meios de distribuição dos papéis de bancos médios também estão em fase de gestação. A Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que reúne as instituições médias, negocia com a Cetip e com a BM&FBovespa a criação de uma plataforma para a venda de CDBs. A ideia é oferecer, a partir de uma única tela, cotações de taxa e prazo dados por várias instituições para que o investidor possa comparar as condições.

A ideia inicial da Cetip é oferecer o acesso à plataforma apenas aos intermediários financeiros, como corretoras. Dependendo da aceitação, porém, o sistema poderia evoluir para uma espécie de “home broker” de CDBs, segundo o diretor comercial da Cetip, Carlos Ratto.

Também está em discussão a possibilidade de cadastro automático dos CDBs negociados pela plataforma. Embora seja obrigatório apenas para os títulos acima de R$ 50 mil, o registro de todos os negócios poderia facilitar o processo de liquidação das operações para os bancos, de acordo com o diretor da Cetip.

Uma das iniciativas em estudo na ABBC é a criação de um pool de captação, que teria garantia do FGC. Como o fundo reembolsa perdas de até R$ 70 mil por CPF e por banco, a ideia seria levantar um volume maior de recursos de um único investidor e distribuí-los em CDBs de várias instituições. O projeto ganhou o apelido informal de “DPGEzinho”, em referência ao instrumento de captação criado no auge da crise financeira e que conta com cobertura de até R$ 20 milhões do fundo.

A ideia, porém, não agrada a todos os bancos. “Cada um tem sua política de taxas e prazos. É complicado nivelar as instituições de uma mesma forma”, diz o vice-presidente de um banco médio que faz empréstimos para empresas.

Ainda não há data para o lançamento da plataforma unificada de captação. A expectativa dos bancos é que a plataforma da Cetip saia antes daquela da BM&FBovespa, que ainda precisa de autorização do Banco Central para realizar o registro de CDB.

Segundo o Valor apurou, o crescimento da captação dos bancos médios com investidores de varejo não é um tema que tem preocupado o FGC. A avaliação do fundo é que essa ampliação das fontes de recursos dos bancos poderia melhorar a qualidade de “funding” deles, o que seria algo positivo.

É inegável, porém, que a exposição do FGC aos bancos médios cresceria. Hoje, o fundo garante cerca de R$ 545 bilhões a investidores que, em sua maioria, compraram ativos de instituições de grande porte.

Bancos médios demandam que o valor assegurado pelo FGC avance além dos atuais R$ 70 mil. Alguns estudos já foram feitos pelo fundo, mas decisões sobre esse tipo de assunto cabem ao BC, que avalia as conclusões do levantamento. Procurados pelo Valor, BC e FGC não se pronunciaram.

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marcos

Professor, Embaixador e Comendador MSc. Marcos Assi, CCO, CRISC, ISFS – Sócio-Diretor da MASSI Consultoria e Treinamento Ltda – especializada em Governança Corporativa, Compliance, Gestão de Riscos, Controles Internos, Mapeamento de processos, Segurança da Informação e Auditoria Interna. Empresa especializada no atendimento de Cooperativas de Crédito e habilitado pelo SESCOOP no Brasil todo para consultoria e Treinamento. Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC-SP, Bacharel em Ciências Contábeis pela FMU, com Pós-Graduação em Auditoria Interna e Perícia pela FECAP, Certified Compliance Officer – CCO pelo GAFM, Certified in Risk and Information Systems Control – CRISC pelo ISACA e Information Security Foundation – ISFS pelo EXIN.