Banco Cruzeiro do Sul é o maior calote dado por uma empresa da América Latina desde 2002
A liquidação do Banco Cruzeiro do Sul, decretada pelo Banco Central nesta sexta-feira, deixará uma marca nada honrosa: o de maior calote dado por uma empresa da América Latina desde 2002, segundo a Moody’s Investors Service.
Isto porque hoje vence uma dívida de 1,6 bilhão de dólares do Cruzeiro do Sul. O vencimento deste compromisso, aliás, foi determinante para que o Banco Central decidisse pela extinção do Cruzeiro do Sul, por recomendação do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), responsável por gerir o banco desde a intervenção, no início de junho.
Nas últimas semanas, o FGC atuava em duas frentes. Em uma, tentava renegociar as dívidas deixadas pelo Banco Cruzeiro do Sul. O ponto de partida foi a constatação de um rombo nas contas da instituição de 2,23 bilhões de reais, apurados pelo Banco Central e pelo FGC.
Desconto
Para cobri-lo, o FGC propôs aos credores do Cruzeiro do Sul que aceitassem descontos de 35% a 60% sobre o valor de face dos papéis. O desconforto dos credores foi tanto, que o jornal britânico Financial Times chegou a chamar a renegociação de “uma história de terror”.
O maior compromisso de curto prazo do Cruzeiro do Sul era a dívida de 1,6 bilhão de dólares que venceu hoje.
Em outra frente, o FGC negociava a venda do banco. O Santander seria a última esperança de salvar o Cruzeiro do Sul. As conversas, porém, teriam terminado nesta sexta-feira sem chegar a um acordo. Sem outros interessados em vista, e sem condições de honrar a dívida em dólar que vence hoje, o FGC decidiu recomendar ao BC a liquidação do banco – decisão comunicada pela autoridade monetária nesta manhã.
Fonte: Márcio Juliboni, de 
“BC fez certo em liquidar Cruzeiro do Sul”, diz Meirelles
Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, defendeu hoje a instituição que, segundo ele, agiu corretamente ao liquidar o Cruzeiro do Sul após negociações para a venda do banco terem falhado.
“O que o Banco Central fez foi exatamente o necessário: que instituições com problemas sejam liquidadas para que se invista de fato no bom funcionamento do mercado”, disse, hoje, no EXAME Fórum. Para ele, o Banco agiu com base nas lições tomadas da crise e está preparado para reformular medidas.
A decisão pode representar o maior colapso bancário no país em anos, mas o ex-presidente do BC não concorda com os críticos da liquidação: “Não vejo risco, o sistema brasileiro está sólido e eu não enxergo nenhum grande problema estrutural”, afirmou.
“Também não considero o fato de a solução não ter sido feita via mercado como um fracasso. Liquidação faz parte das regras do jogo e nem sempre existem soluções de mercado viáveis”, completa.
Política econômica – Meirelles não quis comentar sobre as políticas monetárias atuais do país e preferiu não fazer previsões para a meta de crescimento do país. Entretanto, ele disse que “existem períodos nos quais as autoridades monetárias fazem políticas expansionistas. Assim como existem momentos nos quais é necessário tomar medidas contracionistas. A questão é fazer a decisão certa na hora certa”.
Atualmente, o BC age com base na política expansionista (de estímulo de crédito) do governo Dilma.
Fonte: Amanda Previdelli, de 
